Dez artistas com trajetórias diferentes dançam em cena a rotina de um cardume, conduzindo a plateia em um verdadeiro mergulho metafórico sobre o mundo contemporâneo. Essa é a premissa do espetáculo de dança “Peixes”, com direção da atriz e bailarina Camila Vergara, que também assina a concepção e coreografia do trabalho, e que terá duas apresentações gratuitas nos dias 18 e 19 de setembro, às 20h, no Teatro da PUCRS. No dia 18, após a apresentação, haverá debate com tradução simultânea em Libras.
Espetáculo PEIXES - 18 e 19 de setembro - Teatro da PUCRS - Crédito - Edu Rabin - Foto 2 |
O elenco reunido pela diretora é composto por artistas que atuam na dança, no teatro e na performance, e que exploram temas de territorialidade, questões étnico-raciais, gênero e sexualidade em seus trabalhos. No espetáculo, a composição coreográfica inspirada nos mistérios do mar se transforma em uma analogia para a reflexão sobre o presente, o futuro e a força do coletivo em um mundo onde as individualidades são cada vez mais enfatizadas. Com trama onírica, acompanhada de trilha sonora e figurino criados especialmente para o espetáculo, o cardume é levado pelo movimento das correntes marítimas rumo a águas profundas habitadas por figuras híbridas e mutantes. Uma rede de pesca e outros objetos humanos evocados pela cenografia simbolizam a ameaça ambiental e a facilidade de captura da atenção da sociedade, cada vez mais dispersa e cheia de estímulos.
Individual e coletivo
O espetáculo surgiu de um desejo de Camila Vergara de consolidar, em sua primeira obra autoral, a pesquisa em dança com inspiração marítima iniciada em 2020, quando realizou seu projeto de Mestrado em Artes Cênicas na UFRGS. "Dançar em cardume requer dos bailarinos um estado afinado de escuta em relação ao outro: um jogo de equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo. Enquanto diretora, busquei este mesmo estado ao compreender cada artista como agente criador no desenvolvimento da dramaturgia e da linguagem de movimento do espetáculo. Os discursos representados por cada corpo aproximam as metáforas evocadas na peça às questões sociais", defende Vergara.
Equipe diversa e reconhecida
O elenco de “Peixes” inclui os artistas:
- Daniel Cavalheiro - bailarino com foco em danças urbanas, em especial o breaking com influência de danças Afrodiaspóricas, capoeira e acrobacias. Indicado ao Prêmio Açorianos de Dança 2023 - Intérprete Destaque;
- Eduardo Schmidt – criador dos espetáculos Santo Qorpo e Miscelanea Qurioza e vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro como Melhor Ator em 2014. Já foi indicado 3 vezes ao Prêmio Açorianos como Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Intérprete;
- Fayola Ferreira - dedica-se à pesquisa em artes visuais, partindo de elementos que compõem a construção da identidade travesti. Integrante do espetáculo "Artifícios da Virtuose Dissidente", ganhador do Prêmio Açorianos de Dança 2023 - Melhor espetáculo de Dança;
- Geórgia Macedo - artista do movimento, educadora e antropóloga. Mestra em Antropologia Social pela UFRGS (2019), trabalha com artistas indígenas desde 2016, com destaque para o espetáculo Água Redonda e Comprida. Indicada ao Prêmio Açorianos 2020 - Melhor Bailarina;
- Jo Ovadia - artista transdisciplinar não-binária, investiga relações entre gênero, imagem, linguagem, espiritualidade e performance. É performer residente da festa PANE(POA). Recebeu o Prêmio Braskem de Melhor Performer 2021;
- João Manoel Soares - bailarino com experiência em dança contemporânea, danças urbanas e breaking. É graduando em Dança pela UERGS. Estuda Hip Hop Freestyle, tendo como seu estilo de base, e compete em batalhas regionais de Hip Hop e All Style;
- Li Pereira - artista da cena, dramaturgo e iluminador, dedica-se a pesquisar poéticas em performance e na dramaturgia através do realismo mágico. Indicado Prêmio Açorianos Revelação 2019 - Melhor Ator;
- Maria Carolina Aquino - atriz que transita entre o teatro, dança e circo. Graduada em Teatro Licenciatura pela UERGS, expande sua pesquisa no campo da dança com diferentes aulas e artistas. Prêmio Açorianos de Teatro Tibicuera 2023 - Melhor Atriz;
- Paula Degrazia - bailarina e professora com formação em dança contemporânea e hip hop. Dançou e coreografou em grupos de Porto Alegre e região como a Cia Arca e Canoas Coletivo. Em 2023, coreografou e dançou no espetáculo "Crua e sem bordado",
- Paula Finn - artista e criadora em dança, trabalha com dança contemporânea e flamenca há mais de 20 anos. É bailarina da Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre, desde 2018. Prêmio Açorianos de Dança 2016 - Melhor Bailarina.
Outros artistas reconhecidos em suas áreas de atuação completam a equipe técnica. O compositor Caio Amon (Prêmio Açorianos de Teatro 2016 e 2019 - Melhor Trilha Sonora; Prêmio Braskem 2020 - Melhor Trilha Sonora) assina a trilha sonora original; enquanto Vitor Pedroso assume a criação dos figurinos e da cenografia, e Thaís Andrade (Prêmio CENYM de Teatro Nacional 2019 - Melhor Iluminação), a criação do desenho de luz. Colaboram na assistência dramatúrgica a performer Jo Ovadia, e na assistência de movimento, a bailarina Isadora Franco. Contribuem ainda com a camada visual da obra a artista visual Romy Pocz (finalista do Prêmio PIPA - 2018; Bienal de São Paulo - 2014; Bienal do Mercosul - 2013 e 2015) e o mascareiro Fábio Cuelli (grupo Máscara EnCena).
O espetáculo tem entrada gratuita e os ingressos podem ser retirados na bilheteria do teatro uma hora antes do início da sessão. A classificação é de 14 anos e, por não conter falas, o espetáculo é acessível ao público surdo.
Sobre Camila Vergara
Atua no cruzamento entre o teatro e a dança contemporânea desde 2010. É graduada em Teatro pela UFRGS e mestre em Artes Cênicas no PPGAC - UFRGS, com pesquisa em improvisação e criação em dança. É cofundadora do grupo Máscara EnCena, assinando a autoria, junto ao grupo, dos premiados espetáculos "Imobilhados" e "2068". Como diretora e coreógrafa, destacam-se as recentes criações em dança: direção cênica no espetáculo "Cartas Honestas a Danças Duras"; direção de movimento no espetáculo "Água Redonda e Comprida"; performance e coreografia no vídeo-dança Piano-Soleil, que recebeu o Prêmio Açorianos de Dança - Criação Multimídia (2023). É professora regular na Cia Municipal de Dança de Porto Alegre, no Grupo Experimental de Dança (2023 e 2024), e no projeto de ensino "Suculentas", desde 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário