créditos: Adriana Marchiori1 |
Com o tema “existir entre nós”, a obra utiliza o corpo coletivo como elemento central – que serve tanto de cenário como de impulsionador das cenas que se misturam –, criando um caleidoscópio de memórias, desejos e sentimentos, vivenciados e revisitados pelos performers que surgem de forma fragmentada. A encenação acontece a partir de um grande grupo de pessoas, que adentram o palco, calçam sapatos (que parecem abandonados, dispostos ao chão) e, assim, vestem seus personagens e ampliam suas experiências em acontecimentos vibrantes.
Em uma atmosfera poética que constrói uma relação de reconhecimento do espelho social através desta performance, a música se transpõe das vozes e sons dos corpos dos artistas. O figurino vermelho que compõe a cenografia faz uma alusão ao sangue que bombeia as veias humanas, com a intenção de significar a vida pulsando através da arte.
Concebida no início de 2023, a montagem surgiu como um chamado à convivência, à empatia, e ao retorno do compartilhar, após o longo período de isolamento social, por conta da pandemia de Covid-19, que mudou hábitos de vida de muitas pessoas. Também celebra os 20 anos de carreira de Everson Silva (diretor da companhia teatral), que idealizou a experimentação composta por um total de 100 pessoas.
Outro objetivo traçado desde o início do projeto era estrear a performance no palco mais antigo e prestigiado de Porto Alegre. “Fomos fazendo as temporadas e juntando recursos financeiros, sempre no intuito de conseguir chegar ao Theatro São Pedro, até que, este ano, abriu o Edital de Ocupação desse importante espaço cultural”, revela a produtora e uma das atrizes do espetáculo, Kacau Soares. Segundo ela, a realização deste “sonho” compartilhado entre o diretor e o elenco chegou como um presente de aniversário para Silva, em maio de 2024 (época em que a montagem foi inscrita no edital).
Desde sua estreia, em abril do ano passado, no Teatro do Sesc Canoas (quando contava com um elenco formado por 22 artistas), o espetáculo tomou uma proporção bem próxima do desejo de Silva. De lá para cá, com o objetivo de ampliar o corpo cênico desta obra, a Nós – Cia. de Teatro realizou uma série de oficinas/ensaios, incluindo seus participantes no elenco da montagem. Até o momento, a Nós – Performance teatral cumpriu cinco temporadas, sendo que – além da estreia em Canoas – quatro ocorreram em espaços culturais da Capital, a exemplo da mais recente, em janeiro deste ano, realizada no Teatro Renascença, dentro da programação do 25º Festival Porto Verão Alegre. Na ocasião, Silva dirigiu 60 pessoas em cena. Nos meses seguintes, esse número aumentou, a partir de novas oficinas/ensaios. "É uma realização para a Nós Cia. de Teatro, encontrar tantos artistas em cena – uma experiência inesquecível e uma grande celebração da arte que existe em nossos corpos”, afirma o diretor.
A performance que chega ao palco do Theatro São Pedro ainda conta com as participações especiais de outros quatro artistas convidados locais (a bailaora Ana Medeiros, o ator Jairo Klein, a atriz e percussionista Nina Fola, e a atriz e produtora Silvia Duarte), com o intuito de apresentar trabalhos relevantes e prestigiar personalidades da cena cultural. Uma oportunidade imperdível para vivenciar as artes cênicas em suas diversas formas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário