Esse é o sexto post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.
PATA POR PATA pisava, de maneira desconfiada, na areia branca. Com
o rabinho entre as pernas e o corpo rebaixado, mas muito curioso, o Kiko
entrava no cômoro que o levaria para a mais ampla e bela paisagem que iria
conhecer. Ao chegarmos no topo da montanha de grãos finos, pude
sentir uma alegria e um fascínio que não imaginaria encontrar em um cão ao ver, pela primeira vez, o mar. Tudo nele se
ergueu, das orelhas ao rabo. Em segundos, já partiu correndo em direção à água.

Ao contrário do que pensei, o Kiko não quis entrar no mar. Olhava
intrigado o vai e vem das ondas. Sempre com a lingüinha para fora. Ao sentir a
umidade gelada da areia onde as ondas chegavam, ele dava uns pulinhos como se
estive em brasas. Mas ok. Até os cusquinhos,
conhecidos por não terem frescuras, têm as suas frescuras.
Confesso que tive vontade de soltá-lo, pois sei que ele é
obediente e atende aos meus comandos. Mas sei, também, que cachorro é cachorro
e quando se encantam com algo não há Cristo que os coloque de volta no foco. Quem
sabe em outro momento consiga deixá-lo mais livre.
A primeira ida ao Kiko até o mar, depois de sete anos de vida, foi
linda! E as próximas serão também. Como foi maravilhoso e muito enriquecedor para mim viver toda essa
experiência. O Kiko cheirando as conchas, os mariscos, se assustando com as
cascas de carangueiros, correndo atrás de outros cães, latindo para o universo.
Latindo de felicidade.
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