Esse é o segundo post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.
ERAM ONZE HORAS de um domingo ensolarado. O telefone de casa toca. Ainda sonolento, ouço minha mãe, muito chorosa e nervosa, dizendo que a vó, de 87 anos, não passava bem. Imediatamente, me dirijo para a residência onde guardo recordações de inesquecíveis natais, almoços em família, aniversários e tarde divertidas na infância. Pouco depois do meio-dia, a mais triste de todas as notícias chegou.
Dona Wanda partiu inesperadamente, apesar da idade avançada e da saúde debilitada. Nos deixou de um dia para o outro. Restam lindas lembranças, ensinamentos, bons exemplos e saudades. Mas estas não são as únicas coisas que ela nos deixou não. Entre suas paixões que, agora, estariam sob nossa responsabilidade, elegantes toalhas de mesa bordadas e engomadas caprichosamente, e um cãozinho, o Kiko, o seu último fiel e alegre companheiro.
Sim! O Kiko. Àquele cusquinho branco com machas escuras de semanas, achado com seus irmãozinhos num valão de Porto Alegre, iria resgatar a alegria da mãe da minha mãe perdida no segundo luto matrimonial. E, ela, por sua vez, resgataria a alegria e a confiança no mundo que ele talvez nem tivesse tido a oportunidade de conhecer, pois já nascera no abandono e na marginalidade de muitos cãozinhos.
Mas que bom que existem finais felizes. O destino quis que eles se cuidassem. E os dois se cuidaram. Era lindo de ver. E sou suspeito em falar, mas o Kiko é um dos cachorros mais meigos e carinhosos que conheci. E medroso também. Até a própria sombra o assusta. Ok. Isso também é charmoso.
Ele cresceu rodeado de carinho. O Kiko foi o primeiro cãozinho, depois de muito tempo, da nossa família. Meus avós até tiveram outros, mas numa época que cão era apenas o bicho de estimação que ficava no pátio. Lembro-me do Dick, do Milk e do Shake (Sim, dois cãezinhos amigos que viveram na mesma época. E não era mera consciência com Milkshake). O “Kiquinho”, carinhosamente chamado, ao contrário dos anteriores, tinha acesso livre pela casa.
Tal relação de amor dava na minha vó, e em nós, uma insegurança. E se ela partisse antes? Qual seria o destino dele? Embora minha mãe adorasse a ideia, não poderia assumir o quarto cãozinho. Sim! Hoje, o Bono, a Aisha e a Pepita (do meu irmão), três lhasa-apso, vivem com ela.
Vocês se lembram do primeiro post, quando eu escrevi que esperava a hora certa de um animalzinho entrar na minha vida? Cumpri com a promessa feita a minha vó ainda em vida. Que, se alguma coisa acontecesse com ela, o Kiko ficaria comigo. O momento certo viria num dia triste da minha vida. E isso eu já sabia.
Na quarta-feira que vem, dia 06 de dezembro, o começa das nossas novas vidas. A minha e a dele.
Oooiiiinnnnn... Kiko nasceu com o pé-direito! Hehehehe...
ResponderExcluirSim! Eu diria que ele foi abençoado.
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