Esse é o quinto post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.
LEMBRO-ME da primeira vez que saí com o Kiko, ainda pequeno,
pelas ruas do bairro da minha avó. Foi uma experiência traumática para mim, e
acredito que para ele. Não chegamos a dar uma volta na quadra porque ele não
conseguiu caminhar de tanto medo. Medo das árvores, dos cães que latiam dentro
dos pátios das casas por onde passávamos, dos carros, das pessoas, das folhas
caindo das árvores, do vento! Depois disso, nunca mais saí com ele.
O nosso segundo passeio aconteceu algumas semanas atrás, sete
anos depois. No nosso primeiro final de semana morando juntos, decidi levá-lo
ao parque. Na verdade numa festa de aniversário de criança numa praça, ao ar
livre. Na minha mente só conseguia ver àquele Kiko assustado e quase preso ao
chão.
O Kiko no meu colo com vergonha |
Engano meu. O cãozinho de porte médio – para pequeno – agora
não era mais um filhote. O medo foi embora e deu lugar à segurança – embora
ainda tenha algumas coisas que o assustem. A rua para ele, hoje, é uma
passarela. Ou melhor, uma pista de velocidade. Eita cachorrinho que adora
caminhar apressado, cheirando tudo, demarcando com xixi qualquer coisa que vê
pela frente.
Ele tem um porte bonito. E não é confete de dono. É porque
ele é elegante mesmo. Deve ter aprendido com minha vó, que não saía de casa bem
penteada, arrumada e cheirosa. Até dentro de casa gostava de estar impecável. O
Kiko é assim. Um cão todo vistoso. Caminha todo empinado. E faceiro. Quase que
um modelo-dog.
Tanto é verdade que, naquele dia, estávamos no foco de todo
mundo. Não tinha ninguém que não passasse pela gente
com um sorriso, com um boa tarde ou com uma palavrinha do tipo:
“que lindo ele é”. Não para mim e, sim, para o Kiko. Rsrs.
E não é que o rapazinho se comportou como um cavalheiro
diante dos convidados da festa? Educadamente, aceitou carícias e até deu umas
lambidinhas. Mas, o que ele mais gostou mesmo foi do TAMANHO do parque. Pude
correr com ele, na guia claro, pelos campos verdes. Foi divertido para ele.
Mas, mais divertido para mim.
Agora é assim. Passeios e mais passeios. Até porque, ele
merece conhecer o mundo além dos portões do pátio de uma casa.