Era
um dia chuvoso. Recém saíra da academia e estava com o horário apertado para
almoçar e chegar na hora da consulta no dentista. Mas como todo bom virginiano,
pontualidade no horário é algo imprescindível. Então, tinha exatos 60 minutos
para entrar no restaurante, comer alguma coisa, pegar o carro e “voar” até o
consultório. Dentro do meu planejamento tudo daria certo.
Caminhava
apressado pela larga calçada do bairro com um guarda-chuva para me proteger das
suaves gotas que caíam naquela hora. Meus passos eram largos e rápidos e
minha mente organizava as tarefas profissionais e pessoais que ainda tinha que
executar naquela quarta-feira de inverno. Às vezes, minha cabeça parece uma
máquina de lavar-roupas em funcionamento na velocidade máxima.
A
calçada era ampla. Cinco pessoas poderiam caminhar lado a lado com uma boa folga – isso se
não viesse ninguém no sentido oposto. O passeio público estava vazio, o que me
permitia caminhar mais rápido ainda. Uma mulher, mais vagarosa, também estava
“indo”. Ultrapasso-a preocupado com os meus compromissos.
De
repente, vejo a mulher que ficara alguns metros atrás de mim ao meu lado. Sim,
a “dona” acelerou o passo para me alcançar e, o pior, me ultrapassar. Quando
vejo, ela está alguns poucos metros a minha frente, me dá um tchauzinho com as
costas das mãos, e entra numa loja, enquanto sigo o meu caminho.
Começo
a rir sozinho. Ri de abismado e surpreso com a atitude daquela balzaquiana. Ela
reflete a sociedade atual. Uma sociedade competitiva, egocêntrica e “doentia”.
A moça, que nunca vi mais gorda, acreditou que eu queria ultrapassá-la pelo
simples fato de me achar melhor do que ela. Neura total! Estávamos, de fato,
“indo” na mesma direção, mas não para o mesmo lugar. Não estávamos disputando
uma mesa num bar, uma ficha no médico, uma vaga na fila do banco. Já seria
absurdo se fossem esses casos, mas pelo menos teríamos uma explicação. No
entanto, estávamos apenas compartilhando uma calçada.
Trabalho
em mim uma nova maneira de pensar e agir. Importo-me apenas com o que me diz
respeito. Importo-me com o meu mundo. O que não irá mudar minha vida eu devolvo
para o universo para não acumular assuntos e energias supérfluas. Então,
meus amigos, sem crise! Se alguém ultrapassá-los no trânsito, no corredor do
supermercado, na calçada, não peguem para si a bronca, entendam que a pessoa
“apressada” pode estar realmente “apressada” e preocupada com ela mesma.
Simples assim!
Ah!
Para saberem, consegui chegar no horário da minha consulta.
Adorei!!!!! gaia
ResponderExcluirQue bom que gostou, Gaia. Um abraço e volte mais vezes.
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