terça-feira, 24 de abril de 2012

a vida no limite...


Esses dias eu estava em casa de bobeira e passou na televisão o filme Crash – No Limite. Decidi assistir novamente, mesmo contrariando a minha filosofia de vida que é não assistir duas vezes a mesma coisa. Tenho que confessar que foi uma segunda porrada no meu estômago. A primeira eu tomei na estreia dele no cinema. A trama é o retrato da vida real. Ok! Eu seu que é clichê, mas acho importante tocar no assunto de novo – aliás, quantas vezes forem necessárias como forma de “te liga”. De fato, nós somos os personagens. Isso mesmo! Eu, você, meu pai, tua mãe, meu irmão, teu avô e todo e qualquer cidadão do PLANETA está naquele roteiro.  

Vivemos num mundo doente. Uia! É forte, né? Mas é verdade. Somos vítimas. Somos vilões. Somos vítimas de uma sociedade injusta. Somos vilões porque a sociedade nos faz assim. Somos vítimas de preconceito, discriminação social, corrupção, descaso, abandono e pressão de todos os lados. Somos vilões por fazermos parte do preconceito, da discriminação social, de aceitarmos a corrupção, o descaso, o abandono e a pressão vinda de todos os lados.  O que quero dizer é que vivemos, todos os dias, no limite. No limite da paciência, no limite da ignorância, no limite do que pudemos suportar e aceitar. Crahs retrata isso! Vidas que extrapolam a linha do “agüentei até aqui”! O resultado é o conhecido: violência, medo, desespero e perda da razão.

Nosso dia-dia não é diferente. É o motorista da frente que freia sem o devido cuidado. É a burocracia do plano de saúde. É a falta de médico para quem não tem plano de saúde. É o banco que come o teu dinheiro como um tubarão esfomeado. É o mal-caratismo do colega de trabalho que quer te derrubar. É o político que tu escolhe para te representar e que tira vantagem do dinheiro público (que é teu). É o menor que bate a tua carteira. É a administradora do condomínio que nem para àquele lugar te manda – e não conserta o que precisa ser arrumado. É o frentista que completa o tanque do automóvel com gasolina batizada. Daí, quando menos se espera, BOOOMMMM! Explodimos! De vítimas passamos para vilões em dois toques.

Os atos errados não se justificam. Mas não podemos ser hipócritas a ponto de não aceitarmos que os atos errados se explicam. A partir do filme, acho que passei a ter um novo entendimento sobre as pessoas. Quando o motorista me cortar no trânsito, ele pode ser barbeiro, mas pode estar com a mãe morrendo sem atendimento em um hospital e, por isso, meio desnorteado. Quando o caixa do supermercado for grosseiro e estiver de má vontade, pode ser que ele pode ser mal-educado, mas pode ser que ele não tenha dinheiro para pagar o aluguel do mês. Quando o garçom te atender mal na pizzaria, ele pode ser despreparado, mas pode ter sido vítima de preconceito horas antes. Os vilões, podem ser, as grandes vítimas. Vá saber!

Estamos interligados. A minha vida está conectada com a tua. E vice-versa. Seja de uma forma ou de outra. Por isso, eu sei que é difícil, mas o teu problema não é meu. Nem o meu é teu. No entanto: ambos somos culpados pelos nossos problemas. Ajudamos a adoecer o mundo que vivemos. Mas o remédio está em nós mesmos: na solidariedade, no respeito mútuo e na vontade de fazer um planeta melhor.

 
Uma das cenas mais impactantes do filme para mim. Bom, impossível contá-la em uma linha. Aconselho locar o filme e descobrir





quinta-feira, 12 de abril de 2012

também ficamos no stand by

Uma aulinha rápida e básica de mecânica para leigos. Você já deve ter ouvido falar em alternador, né? Não sou mecânico, mas pelo que vivencio é uma das principais peças de um carro. É ela quem conduz energia do motor para a bateria, fazendo com que o veículo tenha força para  andar por aí. Quando o alternador falha a bateria não é recarregada e, em questão de horas, o carro para. Ficamos na mão.
 
Agora, uma aulinha rápida e básica de vida. Nos relacionamos todos os dias e a maior parte do nosso tempo com pessoas. Amigos, pais, parentes, colegas de trabalho e estudo, namorado, esposa, doméstica, cliente, vendedor de loja, atendente do restaurante, uffa, e segue o baile. É uma troca constante de informações, deveres, direitos, obrigações, favores, serviços, atenções e, é claro, gentileza. O ser humano precisa do outro para conviver bem em sociedade. A vida é uma via de duas mãos: uma que vai e outra que vem. Eu faço o bem para ti e espero que pelo menos me respeite. Mais ou menos isso.

Sou um cara que me considero cheio de energia. Coloco todas as minhas fichas no que estou fazendo. Sabe àquela pessoa articulada, que tenta resolver tudo para que todos fiquem satisfeitos, para que o A e B ganhem e que a felicidade impere, mesmo que “a pessoa” tenha um pouco – ou muito -  mais desgaste do que os outros?  Que faz mais do que deveria para que “àquilo” em questão saia um sucesso? Muito prazer, Adriano Cescani. O que ele, ops, eu me esqueço é que quando se dá muito e não se tem o retorno desejado, a energia acaba!

Hum...Cheguei onde queria. Também temos o "nosso" alternador, como os automóveis. Gastamos energias todos os dias e é importante que ela volte para nós. Como? Através de uma boa relação entre familiares, no trabalho, no amor e na amizade. Quando um das partes gasta muita energia e a outra nem tanto assim, a ponto de, muitas vezes, acharmos que não adiantou de nada o esforço, acontece o inevitável: a “nossa” bateria vai pro beleléu. E não adianta empurrar que não pegamos no tranco.

A diferença entre o nós e o automóvel é que não ficamos estacionados esperando socorro. Acordamos, andamos, comemos,trabalhamos, estudamos, mesmo que de maneira lenta. Eu diria que acionamos o
stand by. Como nos aparelhos eletrônicos, estamos ligados sem gastar muita energia.

Recentemente fiquei assim, no modo de espera. Gastei muita energia onde não devia e o meu “alternador” falhou. Pessoas, situações e fatos me chatearam. Cheguei num ponto que cansei de dar o meu melhor para o
resultado ser o pior. Cansei de querer ser o bom e sair como o mau. Até duvidei que o certo para mim já estava errado. Mas tudo por causa do meu próximo que não entendeu a parte que a vida é uma via de duas mãos: uma que vai e outra que vem.  Um faz e o outro colabora. Fui sugado por um tornado de fatalidades.

O lado bom de se estar no stand by é fazer o arroz com feijão, sem se incomodar. Faço as minhas coisas – profissionais e pessoais – da maneira correta, nem mais nem menos. Mesmo acreditando que TODO MUNDO deveria dar um pouco mais de si para FAZER um mundo melhor para todos.

É! Stand by significa estar recuperando a esperança no próximo, aos poucos. Tenho certeza que em breve a vida arruma o meu “alternador” e voltarei a funcionar normalmente, com a bateria 100% recarregada. 
 
 

terça-feira, 3 de abril de 2012

expulso, mas ao contrário!


Todo mundo já viu alguém ser expulso de algum lugar. O baderneiro convidadíssimo para se retirar da festa, o bagunceiro da classe deixar a sala de aula rumo à direção ou o jogador sair de campo depois de um cartão vermelho! Muitos já vivenciaram essa experiência na pele! A priori se é expulso depois de transgredir alguma regra. Bom, confesso que nunca fui retirado de nada nem de lugar nenhum. Sempre fui Joãozinho do passo certo.

Para ser expulso é preciso estar num grupo, certo? O meu, por assim dizer, não é time de futebol nem bonde de funk. Minha galera é do fitness, ou seja, da academia onde estou há oito anos. Além de cuidar da saúde, da mente e do corpo, malhamos a língua - dentro e fora da sala de musculação.

Com a turma da academia faço festas, churrascos, jantares temáticos e até viajamos juntos. Seja na praia ou no sítio, a diversão é garantida. Há poucos dias, pela primeira vez, no entanto, senti a sensação de ser expulso, mas ao contrário!

Aos poucos, a turma foi diminuindo com o passar do tempo. O estagiário que conquistara a vaga de professor e que animava o pessoal da manhã saiu no ano retrasado. A colega do treino de cada dia mudou de trabalho e encontrou uma academia mais perto no ano passado. Àquela senhora simpática trocou o "ferro" pelo pilates no início do ano. O parceiro de esteira também foi embora no carnaval. Por fim, o professor, que com o tempo virou vizinho de prédio, amigão e brother, seguiu seu rumo e não está mais coordenando os alunos da academia há alguns dias, entre eles eu!

É! Mesmo encontrando pessoas queridas diariamente nos exercícios matinais, o ambiente é outro. Daí é que percebemos que os ciclos das outras pessoas também começam e encerram. O que não nos damos conta é que as fases de vida dos nossos amigos podem começar e terminar com a gente no meio delas.  O destino quebrando as nossas pernas. Resultado: somos expulsos, mas ao contrário!

E não tem outro jeito, viu? A amizade continua, isso é verdade. Mas assim como os jogadores ou os baderneiros excluídos dos seus grupos, é hora de refletir a situação! Quem sabe essa expulsão, ao inverso, não vai motivar um encerramento e o começo de um novo ciclo na minha vida? Na real só vou saber com o senhor chamado tempo.

 Galera da academia em uma das festas que fizemos por aí...