quarta-feira, 31 de agosto de 2011

um caçador de lições de vida

Sou um caçador de lições de vida. Adoro aprender com os mais velhos e com quem tem o que ensinar. Leio, ouço e vejo tudo o que pode me fazer uma pessoa melhor. Assistindo ao quadro "O que vi da vida", do programa Fantástico, da Rede Globo, o depoimento do humorista Chico Anysio me fez refletir: “nós, humoristas, somos insubstituíveis...”!

Concordo, em parte! Aquela frase que ninguém é insubstituível - que todos já ouvimos - só pode ter sido criada por um empregador capitalista e que adorava baixar a estima dos funcionários, não é mesmo? Sim, no trabalho, é bem verdade que colegas podem fazer a mesma atividade que a gente. Uns serão menos eficientes, outros exercerão igualmente a tarefa e haverá aqueles superiores no quesito profissão. Mas, aqui entre nós, cada pessoa é uma pessoa diferente. 

Outra coisa: não me venha dizer que namorado ou namorada, marido e mulher, amigos e até familiares podem ser substituídos, e com sucesso! DA ONDE? Achamos que podemos substituir pessoas em nossas vidas. Desculpe, mas não tem como! O que fazemos é acrescentar outras pessoas, mesmo que elas ocupem um papel que já tenha sido ocupado por outro semelhente, o que é bem diferente! Sacou a sutileza?

Mais uma prova da nossa "insubstituição" são nossas mães. Segundo elas, nenhum filho é igual ao outro. Só por essa teoria, já somos únicos. E sendo únicos, somos insubstituíveis. Voltando ao que o Chico Anysio quis dizer, sim, cada humorista é único. Mas nós, jornalistas, advogados, arquitetos, secretárias e qualquer outra profissão, somos únicos. Temos características que ninguém mais possui. Ninguém tem a minha alegria, mesmo sendo alegre. Ninguém tem a minha descontração, mesmo sendo o rei da descontração. Ninguém tem o meu humor terrível quando estou com fome ou sono, mesmo sendo o mais ranzinza possível. Não existe “o Adriano” em nenhuma academia no mundo, assim como não existe “o Adriano” em nenhum ciclo de amizade, não existe “o Adriano” em nenhuma outra cidade do mundo.

Muita gente passou pela minha vida e se foi. Entrei e saí da vida de muitas pessoas. Tive colegas de escola, colegas de profissão, vizinhos de casa, vizinhos de praia, vizinhos de férias, amigos que foram amigos e depois se afastaram, amigos que não eram amigos, amores e desamores. Uffa. Cansei. É fato: fui único para todos. Serei único para os próximos sei-lá-o-quê. Sou único para mim mesmo. Sou insubsittuível ao meu, ao teu e aos corações de quem quer que já tenha me conhecido.

Querido Chico Anysio, desculpe, mas vou refazer a tua frase:

- Nós, seres humanos, somos insubstituíveis!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

a nossa sessão da tarde

Hoje eu passo a entender os motivos por que a Globo exibe há tantos anos a clássica Sessão da Tarde. Porque têm filmes que precisam ser revistos para ficarem guardados na memória. Sejam eles muito bons, com tramas emocionantes e que nos tocam, ou mesmo os muito ruins, para sabermos que existe coisa mal feita por aí.

O que não nos damos conta é que dentro da mente existe uma área que deveríamos acionar quase sempre. Eu a chamo de Sessão da Tarde. Quem já não disse a frase: "Esse filme eu já vi"? Pois é, cheguei onde queria. Somos personagens da vida real, cheia de mocinhos e vilões. Cada ciclo da nossa vida pode ser comparado a uma verdadeira película com início, meio e fim. 

Eu já vivi comédias, dramas, suspense e, é claro, romance em curtas, médias e longas metragens! Sem falar nas desastrosas e divertidas comédias românticas. Acho todas iguais: meladas num primeiro momento, depois enroladas, críticas e dramáticas num terceiro estágio, tristes num quarto período e engraçadas num quinto e bem distante momento, quando tudo já passou!

E quando o assunto é relacionamento amoroso, meus amigos, daí a Sessão da Tarde reprisa que é uma beleza. É impressionante! Esses dias eu disse para mim mesmo a frase: "Esse filme eu já vi", aliás, "Esse filme eu já vivi"! E o final do enredo já visto não foi igual ao da ficção e não batia com o roteiro que eu acreditava ser justo.

Bom, hoje, quando imagino a vinheta com aquela musiquinha que tocava sempre às 15h na Globo, imediatamente, paro tudo o que estou fazendo e sento na primeira poltrona ou cadeira que tiver na minha frente. Respiro fundo e começo a resgatar frame por frame do filme que acredito já ter assistido - vivido. O exercício é ótimo porque tudo vem à tona de novo. É excelente para podermos escolher o final do longa-metragem que nós achamos mais justo. Acho digno EU decidir qual o fim quero para a MINHA história.

Não quero ser James Cameron, Martin Scorsese, Steven Spielberg ou Francis Ford Coppola. Busco apenas construir uma trama que sempre me faça ter vontade de rever na minha Sessão da Tarde. Que seja lembrada pelos momentos de humor, de felicidade, de perseverança, de lutas, de vitórias, de conquistas e de amor.

The End


terça-feira, 23 de agosto de 2011

espelho, espelho meu...

Ela tinha carregado na maquiagem e feito um penteado deslumbrante no salão para ficar linda na festa de aniversário. Ao perguntar para o maridão qual a opinião dele sobre o seu visual, ele foi bem verdadeiro!

- Eu não gostei, tu sabes que te prefiro com menos maquiagem e com o cabelo liso.

Bé bé bé bé (barulho de sirene de emergência) Pronto! Anunciada a terceira Guerra Mundial! Pelo menos naquelas próximas horas. O casal brigou e o momento que era para ser especial se tornou uma noite de chateações! E essa história trouxe a tona o papo de que com mulheres não se pode ser sincero. Elas querem apenas elogios!

Eu arrisco um pouco mais. Ninguém gosta da voz da sinceridade. Você está pronto para ouvir a verdade? Se a resposta for sim, já está mentindo! Da onde que tu és o Papa Bento XVI para largar essa  de que prefere a verdade, sempre a verdade, somente a verdade?!?!

Me considero um cara autêntico e transparente! Sempre acreditei que era bacana e nobre ser honesto com as pessoas e que esse meu ato maduro  me transformava num homem melhor e mais correto.  E ainda, pensava que meus amigos e familiares mudariam suas atitudes depois de ouvirem o que eu tinha a dizer.

 Pura bobagem! Demorei quase 35 anos para entender que a bola não vai ficar mais redonda se eu for sincero. Não estou dizendo aqui que mudei o meu caráter! Nada disso. Continuo sendo o mesmo moço de sempre. Correto com minhas atitudes e decisões. Apenas cansei de dar murro em ponta de faca.

Ou seja, desisti de abrir longas e exaustivas discussões! Quando se fala a verdade, a pessoa que ouve quase sempre vai discordar de você. Na real, nós, os super-sinceros, somos mal-compreendido. Ganhamos apenas cabelos brancos e rugas, que tentamos retardar com cremes especiais!

Por que eu vou dizer pra minha mãe que a blusa florida não fica bem nela se ela AMA estampas assim? Ela vai ficar triste comigo e não vai mudar de roupa!

É fato! As pessoas não querem ouvir a verdade! Querem é receber elogios ou apenas desabafar! Ok. Estou aqui pra isso. A partir de agora guardo a verdade pra mim, diante do espelho do banheiro!!! Falando nisso:

- espelho, espelho meu, tem alguém mais bonito e querido do que eu?

Pera aí, deixa que essa eu respondo!! 


quinta-feira, 21 de julho de 2011

comer, rezar, (quem sabe) amar

Escrever e cozinhar são os meus novos passatempos prediletos. É importante dizer que preparar um almoço, entre o expediente de trabalho e uma reunião de negócios, não é bem um hobby. É uma necessidade prazerosa, saudável e econômica. Descobri na gastronomia um dom que até pouco tempo não levava muita fé. Assim foi com a escrita. Mesmo sendo jornalista sempre preferi a comunicação objetiva e coloquial do rádio e da televisão, deixando a mídia impressa para os colegas “mais intelectuais”. Lá no meu interior sabia, no entanto, que estava adormecido um estilo diferente de escrever. Estilo que vocês estão conhecendo. 

Mas a vida é assim, feita de ciclos. Uns terminam e outros começam. E vivo uma fase que nem tinha me dado conta. E esse ciclo novo que estou desvendando, de cozinhar e de escrever, me foi lembrado, por acaso, por um amigo meu, o Tiago. A ficha caiu quando li o seguinte comentário sobre uma foto de uma receita, das várias feitas por mim, e postada por ele no facebook:

- “Deve estar na fase COMER mesmo...depois vai REZAR e AMAR? Rsrsrsrsr”

Bingo! Posso ser a versão masculina do Best Seller “Comer, Rezar, Amar”, da escritora Elizabeth Gilbert, já que me encontro num período "eu". Talvez impulsionado pelos meus 34 anos de idade, já quase chegando aos 35, talvez impulsionado pelos desencontros amorosos ou talvez impulsionado pelos calos que já acumulei ao longo da minha existência. O importante é que virei a página e comecei a reescrever um inédito capítulo da minha história.

O que o meu brother não contava é que, além da fase COMER, já estou, também, na fase REZAR. Sim, escrever aqui, no Limonada Zen, é uma maneira de reza. Transformo em texto sentimentos e pensamentos que me fazem bem, e que podem trazer a você que está lendo, um bem ainda maior. E fazer o bem, para mim ou para o próximo, é uma maneira de rezar.

E olha que vou te falar uma outra coisa: desconfio que já entrei, bem de leve, na fase AMAR. Pelo simples fato de que aprendo a amar a mim mesmo, a cada dia e um pouco mais. Cozinhar e escrever é ficar comigo. É colocar amor naquilo que acredito. Amor próprio que, quem sabe, dará um empurrãozinho para o cupido me descolar um novo grande amor, assim como foi com  “ Liz” , do sucesso “Comer, Rezar, Amar”.

Salmão enrolado em folhas finas de couve com rodelas de tomate e alcaparras. Receita by Adriano Cescani

domingo, 17 de julho de 2011

entre o branco ou o preto, escolha o verde

Alguns dias atrás eu estava atacado, ou melhor, enrolado! Não sabia se eu vestia uma camisa branca ou preta. Não sabia se tomava um café com leite ou um suco de mix de frutas. Não sabia se queria assistir no cinema uma comédia romântica ou um drama. Ai quanta dúvida, meu Deus!! Fiz até enquetes no twitter e facebook para me "desenrolar". Tudo em vão!

Com o passar do dia fui percebendo que as minhas dúvidas não eram dúvidas. As minhas dúvidas, na verdade, eram necessidades por algo novo. Estava cansado de escolher as mesmas opções que a vida me fez gostar mais. É assim com todo mundo.

Nesse mesmo dia confuso das ideias, onde perdi uns 38% de produtividade pensando na melhor alternativa a escolher, tive a certeza que precisamos inovar.  Como assessor de imprensa, tinha que enviar uma nota exclusiva para um veículo. E a desgraceira da dúvida de quem seria o jornalista a receber tal material ficou na minha cabeça por, sei lá, 20 ou 30 minutos.

O colunista "X" ia amar, mas eu já tinha mandado algo para ele um tempo atrás. O colunista "Y" também publicaria, mas na semana que viria pela frente eu teria outro "furo" que combinaria mais com o espaço dele. Enviei a nota para o colunista "W", que sempre é mais complicado de aceitar sugestões de pautas. Bingo! Publicou o assunto e ficou bem satisfeito. Bom, nem preciso dizer que eu fiquei mais satisfeito ainda.

Primeiro porque a informação saiu num ótimo espaço que meu cliente ainda não tinha aparecido. Segundo, e o mais importante para mim, enquanto pessoa física e não jurídica, foi entender que a dúvida pode nos abrir um novo caminho, um novo mundo de possibilidades.

Não sabe se vai para serra ou vai para a praia? Escolha ir para uma outra capital efervescente. Não sabe se come frango ou carne bovina? Peça javali. Abra a mente, fuja do óbvio e experimente novas sensações. Vale a pena!

domingo, 10 de julho de 2011

tentar ou não tentar, eis a questão!

Que a língua portuguesa é complexa, todo mundo sabe! Que uma palavra pode ter vários significados, a maioria sabe! Mas que há verbos que não devem ser empregados em todos os setores da vida, pouca gente sabe! É o caso do "tentar".

Em questões profissionais, por exemplo, a tentativa pode ter êxito. Vou tentar bater a meta do mês. Com mais dedicação ao trabalho, tu consegues alcançar teus objetivos. Tenta e dá certo.

Em questões pessoais o tentar também pode funciona! Tentarei aumentar minha massa muscular. Ok! Hora de aumentar os pesos dos aparelhos da academia. Com mais dedicação ao treino, tu consegues alcançar teus objetivos.

Agora, quando o assunto é coração, o verbo tentar não pode ser empregado! Por uma questão simples: não vai funcionar. E não é ser pessimista e , sim, realista.  Tu já deve ter vivido histórias como as que vou relatar.

A pessoa escolhida era muito querida, agradável visualmente, bem resolvida profissionalmente, mas não te fazia tremer as pernas e não era lá essas coisas na cama, além de ter alguns poréns na personalidade. A tentativa foi feita. Não deu certo porque faltou o clic da paixão e outras coisitas.

A pessoa era bonita, descolada, viajada, boa de cama, boa de papo, mas completamente diferente de ti. A tentativa foi feita. Não deu certo porque faltou a parceria que tanto precisamos e que faz o relacionamento deslanchar.

A pessoa te atira na parede e chama de lagarticha na hora da transa, mas só. A tentativa foi feita. Não deu certo porque faltou todo o resto.

Viu? O natural é quando duas pessoas se aproximam e as coisas vão se encaixando, sem tentativas, esforços e sacrifícios. Tudo anda bem como a brisa que faz o veleiro deslizar pelo mar em dia de sol.
 
E aqui vão duas dicas para saber quando não empregar o "tentar" nas tuas investidas amorosas. A primeira é quando empregares a palavra "mas" com amigos sobre a pessoa em pauta. Pintou o "mas", pintou a dúvida. E a outra, muito mais simples, é quando pensares: eu podia tentar. Tentar é sinônimo de que não aconteceu de primeira. Em ambas situações aceite o fato de que ainda a pessoa certa não apareceu. Sofrerás menos. 


sexta-feira, 1 de julho de 2011

expectativa é como espinha

Não adianta! Por mais que entendemos que expectativas só nos fazem mal e não retratam em nada a realidade, ops, elas surgem como àquele arco-iris no fim de tarde chuvoso: inesperadamente! Partimos do ponto, então, que expectativa é como espinha, pois todos temos ao longo da vida.

Na adolescência, a acne toma conta do nosso rosto e corpo. É o reflexo natural da puberdade. Na juventude, quando começamos a entender a vida como vida, alimentamos todas as expectativas possíveis e impossíveis. É o reflexo natural de quem acredita que o mundo é justo, que as pessoas mudam sua essência e que o Elvis Presley está vivo.

Lá pelos 20 e poucos anos, as espinhas diminuem muito. Aparecem quando exageramos no consumo do chocolate ou durante uma alteração emocional (ficamos nervosos, ansiosos, deprimidos...isso segundo estudos)! Lá pelos 20 e poucos anos, começamos a entender que não é muito legal alimentar expectativas porque sempre nos damos mal, mas, no entanto, continuamos insistindo porque vá que “esse papo de expectativa sempre nos decepciona” seja bobagem. Bobagem é achar que a bobagem é bobagem. No final, sempre quebramos a cara.

Já com três décadas de vivências, as espinhas são esporádicas. Nascem na testa (àquela guampa de touro, sabe?), na parte interna do nariz ou até na orelha. Surgem sem nenhum motivo, aparentemente, para nosso desespero. Assim é com a expectativa a partir dos 30 anos. Sabemos que não podemos alimentá-la. Pezinho no chão porque a vida não é churros. Estamos vacinados contra a tal expectativa. Mas daí, um belo dia, uma bela situação, uma bela pessoa, uma bela informação, pronto: uma bela expectativa. O resultado, óbvio, não poderia ser outro: quebramos a cara, de novo.

Ok. Não vamos dramatizar. Acontece com qualquer otimista. Hora de tratar o problema. Quando surge uma espinha, esperamos ela amadurecer e “pah!”, damos àquela espremida. Adeus acne indesejada. Com a expectativa, fazemos a mesma coisa: “pah!”, damos àquela espremida na nossa consciência para reforçar que o mundo é o mundo, com suas imperfeições, assim, como as espinhas.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

coração vazio...

Todo mundo já pegou uma bicicleta para andar e lá estava ele vazio, o pneu! A única maneira de não murchar a nossa volta de bike era procurar uma bomba para encher o “querido”. Feito isso, pronto, hora de curtir o vento na cara durante o passeio.
 
Assim funciona o nosso coração. Quando menos percebemos lá está ele, vazio. Não nos emocionamos ao ouvir àquela música, não nos empolgamos com ninguém, não sentimos saudades de momentos nem de pessoas e também não ficamos com “ele” apertado, nem de tristeza nem de nada! Vazio.
 
Sabe o que isso quer dizer? Nada! Simplesmente significa que estamos vivendo o presente. Um dia de cada vez, esperando o que a vida vai nos oferecer. A única preocupação: ser feliz apenas hoje. Amanhã é outra história. E acredite: é bom porque superamos mais leve o atual ciclo e ficamos mais fortes para o próximo.  
 
Pensa comigo! Se vivêssemos o passado ficaríamos tristes ao recordarmos lembranças com algum amado ou amada ou mesmo uma situação vivida. O coração ficaria cheio de tristeza. Não falo da boa nostalgia, viu? Se vivêssemos o futuro, a ansiedade nos consumiria. Coração cheio de angústia. Será que a pessoa vai me amar, será que vou trocar de emprego, será, será???
 
A bicicleta não deixa de ser uma bicicleta com o pneu vazio. Assim é com a gente. Não deixamos de ser pessoas com capacidade de amar por estarmos com o coração momentaneamente vazio. Logo o enchemos e estamos prontos para curtir o vento na cara durante um passeio, durante dois passeios, durante três passeios...
 

domingo, 19 de junho de 2011

em breve aqui novo empreendimento!


Vocês já se deram conta que todos nós temos um pouco de aptidão para arquitetura e engenharia? Sim, me refiro a ti mesmo que é médico, secretária, jornalista, advogado, dentista e ou qualquer outra profissão. Oh! Já aviso àqueles sindicalistas de plantão que não venham querer nosso registro porque não temos e nem pensem em nos multar por exercer a profissão de forma irregular. Somos arquitetos e engenheiros por natureza. 

Na construção da vida, o nosso maior e mais ousado projeto, usamos a sensibilidade e o bom gosto do arquiteto. Na planta baixa, planejamos uma base sólida, com família, amigos e um relacionamento estável. Na planta alta buscamos um trabalho bacana, uma casa linda e àquele carrão na garagem. Nos planos de ser feliz, não poderia faltar a decoração. O lazer, a diversão e as viagens dão um colorido e um acabamento interno todo especial na gente.

Mas infelizmente, às vezes, deixamos o lado frio e calculista do engenheiro tomar conta da nossa personalidade quando menos percebemos. Num erro de cálculo, que pode ser um gesto, uma palavra, uma fraqueza, tudo vem abaixo. Conseguimos destruir o que projetamos e demoramos tempo para erguer. O pior é quando permitimos que outro engenheiro coloque abaixo “a nossa construção”. Sonhos e desejos que somem com a poeira de uma implosão. Ficamos tristes quando vemos tudo o que planejamos ficar perdido em uma nuvem cinza e debaixo de entulhos.

E quando nossos projetos são destruídos, não há muito o que fazer. O negócio é colocar os tapumes com os seguintes dizeres: em breve aqui novo empreendimento. Hora de começar tudo de novo.



domingo, 24 de abril de 2011

sim, ficamos chateados!

O filme "Contracorrente" estreou em Porto Alegre faz alguns dias. Motivado pelos ótimos comentários, decidi colocá-lo na minha programação cultural. Na última sexta-feira escolhi a sessão das 19h do Instituto NT de Cinema e Cultura. Seria o fechamento perfeito de um dia maravilho. Isso, se São Pedro não mandasse um temporal caprichado, daqueles que mata pessoas, desabriga, alaga e faz faltar energia elétrica.

Já sentiu o drama, né? Meia fase no centro cultural. Foram 20 minutos de torcida para que a energia fosse restabelecida. Sim, fiquei chateado! A CEEE não resolveu o problema e tive de ir embora, com a vontade de ver a película. A decepção não foi tão grande porque acionei o Plano B. Um outro filme em outro cinema.

Mas como todo o bom brasileiro, não desisto tão fácil. Domingo, nova tentativa! Depois de um dia ensolarado, temperaturas mais amenas e almoço com a família, me mandei pro mesmo “cine”. Dessa vez, sozinho, o que me deu um baita orgulho de mim. Tipo: mesmo não tendo parceria, busquei meu desejo de ver o tal “Contracorrente”. Agora vai, pensei!

Com meia-hora de exibição, queda de energia e interrupção do filme. A projetista informa que a sessão estava suspensa porque um carro havia batido num poste. PQP!

Sim, fiquei chateado! E agora, com o agravante de já ter visto parte da produção. Tive de trabalhar dentro de mim o sentimento de decepção, que foi enorme! Não sei se vou ver o tal “Contracorrente”. A chateação foi grande. Fui para casa com a certeza de que “sim, ficamos chateados”, e isso faz parte da vida. Amanhã passa. 

sábado, 19 de março de 2011

Ele não consegue!

Há coisas na vida que vou morrer sem entender. Como, por exemplo, o atraso das pessoas para um compromisso. Sou pontual ao extremo. Caso marquei às 15h com alguém, não vou chegar às 15h05min. Porque 15h é 15h, nem um minuto a mais nem um a menos. Ok. Imprevistos acontecem (inclusive comigo) e entendo na boa. Agora, tem gente que incorpora o “atraso” na vida.

Descobri com uma amiga que, assim como eu, segue os ponteiros do relógio rigorosamente, que o “atraso” é uma doença (neural-psico-física-moral-emocional-comportamental). Eu e ela não somos médicos nem psiquiatras para afirmar isso, mas definimos que algo acontece no cérebro do cidadão.

Um dia essa mesma amiga chamou um colega de trabalho que sempre chega atrasado no compromisso profissional. Ela deu um pito nele. O rapaz disse o seguinte sobre chegar na hora combinada:

- Eu não consigo!

Pronto! Ele admitiu que não é capaz, que é limitado quando o assunto é cumprir horário. É uma síndrome, viu? Houve uma confissão de incapacidade. Registra o flagrante da ocorrência agora!

No meu dia-dia, convivo com pessoas assim. Já me estressei muito com essa falta de respeito (sim, para mim é pura falta de respeito). Ganhei cabelos brancos, mas hoje, decidi dar prioridade para a minha saúde, física e mental, e não me estresso mais com a incapacidade alheia. Quando tenho que marcar horário com a pessoa com a síndrome do “Eu não consigo” e sei que vou esperar, respiro fundo e penso:

- Ele não consegue!

sábado, 12 de março de 2011

a dor é só minha

Era uma manhã de trabalho. Faço uma ligação para uma colega de profissão com o objetivo de confirmar o recebimento de um e-mail. Descubro que sua mãe está muito mal no hospital. Solidário, digo que sabia o que ela enfrentava porque havia perdido meu avô alguns meses atrás. Do outro lado da linha, uma voz seca e amargurada desabafa:

- Não! Tu não sabes o que estou passando.

Em dezembro passado postei no Limonada Zen o texto "A viagem é só minha", que recebeu comentários legais. Muita gente que leu se identificou com tais situações ali descritas. Mas não era só isso. Dizia respeito da individualidade de cada um. Hoje, quero refletir sobre esse outro sentimento que é apenas nosso: o sofrimento.
 
Voltando a história lá de cima, NÃO, eu realmente não sabia o tamanho da dor daquela garota. E não pelo fato de um caso se tratar de avô (o meu) e o outro de mãe (a dela). E sim porque a dor era só dela. Essa conversa confirmou algo que já pensava fazia tempo. Independente do problema que temos (financeiro, amoroso, físico ou emocional), só nós sabemos o quanto nos machuca.

E aqui entre nós: não tem coisa mais "deselegante" que ouvir alguém te falar:
 
- Eu sei bem como é!

Ou:                                                        

- Te entendo perfeitamente!
 
Na real, ousamos dizer que podemos imaginar e entender. Digo de novo! Não existe como sentir exatamente o mesmo que àquele coração abalado que nos comove diz sentir! E é simples, cada um enfrenta a sua maneira o “leite derramado”.  O filho que perde um pai ou uma mãe vai sofrer diferente de um outro filho que teve a mesma tristeza. Afinal, cada um amou a sua maneira o ente querido. O amor, embora tenha a
mesma fórmula, não tem de fato. Tudo é muito próximo, mas não exato!
 
Então, em situações de aflição alheia, o melhor a fazer é ser básico. Quem sabe ficar quieto e dizer que está ali para o que a pessoa precisar. Afinal, a dor é só daquela ela pessoa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

um homem de possibilidades!

Dia 30 de dezembro de 2009. Praia de Atlântida Sul, litoral norte gaúcho. Final de tarde e, por um descuido, tropeço no sofá da sala. Machuco o dedinho do pé.  Dou tchau para aquele ano e as boas vindas para 2010 manco! Prenúncio de tempos difíceis pela frente ou apenas um resquício ingrato de um ciclo que estava se encerrando?

Dia 31 de dezembro de 2010. Praia de Imbé, litoral norte gaúcho. Amigos reunidos e absorvendo do sol, onde todos estavam, boas energias para mais um novo ano. Quando surgiu a ideia de falarmos sobre os nossos últimos 12 meses.

Lembra da perguntinha do primeiro parágrafo? Pois é! O destino me reservou a primeira opção. Tudo bem, sejamos justos. Viajei para a Europa, minha saúde esteve ótima, não dormi ao relento, tinha pão, leite e trabalho (que não é sinônimo de dinheiro, viu?). Porém, enfrentei muitas e todas as dificuldades que se possa imaginar. Sozinho! Fui ao limite ou, como dizia a personagem Armênia, da novela global Rainha da Sucata, estive:

... Na chon (= no chão)!

Mas o saldo negativo na conta emocional, psicológica , financeira, sócio-cultural me serviu para ver o homem de possibilidades que sou. Possibilidade de uma família presente, possibilidade de amigos verdadeiros, possibilidade de administrar com criatividade a crise, possibilidade para entender a fase ruim e a possibilidade para virar a página.  

Naquela linda tarde ensolarada do finalzinho de 2010, aproveitei para dar a última vomitada verbal para os amigos, aquela que limpa o estômago e nos faz ficar bem. Decidi deixar no calendário velho, aquele que jogamos no lixo do trabalho antes de iniciar a folga do reveillon, todas as lamentações, as lágrimas e as inseguranças. Respirei fundo, sorri e disse:

- 2010 não foi bacana comigo. Mesmo com muitas lágrimas derramadas, eu venci. Hoje estou aqui para dar adeus a ele e comemorar a chegada de uma nova era! 2010 foi e eu fiquei, e mais forte, enquanto que 2010 já está no passado.

Feliz 2011! 

Primeiros minutos de 2011...