quarta-feira, 3 de setembro de 2014

#100happydays

Depois uma pausa, sem motivo específico, apenas um período longe do blog, cá estou novamente escrevendo no Limonada Zen. Voltei porque, talvez, preciso externar reflexões, sentimentos, conflitos e situações que circulam na minha cachola desde o último texto, lá em março deste ano. Acredito que tive bastante tempo para reunir elementos para novas discussões.

Dizem que a vida é feita de momentos felizes. Para provar isso, terminei recentemente um projeto desafiador na minha vida: #100happydays. O movimento mundial tem por objetivo nos sacudir para encontrarmos a nossa felicidade, nem que seja por cinco minutos. Na prática, o participante precisa registrar apenas um único momento bacana do dia, durante cem longos dias, em uma das redes sociais mais usadas atualmente – Facebook, Twitter ou Instagram – com a #100happydays, contando sempre os dias, tipo, #day1, day2, day3…

Parece simples, mas 71% das pessoas que decidiram compartilhar da proposta fracassaram. A palavra fracassar é forte, mas é verdadeira. Não conseguiram, nas 24 horas do dia, encontrar um minuto pra si. Alegaram falta de tempo, muito trabalho e blá blá blá.

De fato, o simples registro chega a ser um fardo bem pesado no decorrer do andar da carruagem. E é fácil compreender: os tempos modernos exigem de nós muito trabalho, pouco lazer e uma dose cavalar de paciência: no trânsito, na faculdade, no ambiente profissional, no trato com as pessoas, nos serviços públicos que temos que usar e, até mesmo, nos privados. Sem falar que lidamos com chateações, decepções, tristezas, dúvidas, provenientes de problemas pessoais, como falta de grana, relacionamentos, doença e até mesmo perdas. Ou seja, coisas para aborrecimentos são infinitamente maiores que os motivos que temos para sorrir.

Como tudo nesta existência, há altos e baixos. Vivi dias com vários momentos bacanas. Já me peguei, no entanto, em semanas péssimas, que não sabia para onde correr, mas como não queria entrar para a estatística dos 71%, logo dava um jeitinho de ser momentaneamente feliz. Mesmo quando estava amolado, encontrava algo que me fazia um pouco menos amolado. E acreditem: sempre tem. E pode ser qualquer coisa: uma pausa no trabalho para um cafezinho, uma caminhada domingo no parque, um happy hour com um amigo, uma soneca depois do almoço, um copo de suco bem gelado…

Uma das maiores provas de me fazer feliz foi há setes dias para a conclusão do desafio. Um tio-avô muito querido faleceu. Como o velório e enterro eram em Canela, aqui na Serra Gaúcha, eu e meu irmão fomos juntos de carro. Nas quase cinco horas de estrada, ida e volta, tivemos um papo reto, de mano pra mano, resgatando nosso passado e falando sobre o presente e futuro. Ou seja, mesmo num encerramento de ciclo para a nossa família, como toda perda é, uma conversa com o Dudu representou um momento especial.

A peleia é dura, meus amigos, mas não é impossível!Venci. Consegui, durante os pouco mais de três meses, provar para mim mesmo que posso encontrar um tempinho para mim, mesmo na dor, na tristeza, na saúde e na doença. Mas o grande lance dessa iniciativa é entender que os momentos felizes dependem exclusivamente de nós, e de mais ninguém. E prova, por A + B, que sim, a vida é feita de momentos felizes, nem que sejam cinco minutos.


Alguns dos meus cem momentos mais felizes durante o projeto
Alguns dos meus cem momentos mais felizes durante o projeto
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detox da alma

As férias servem como um “detox” pra alma. O estresse, as chateações, as obrigações da vida adulta parecem ir embora como as impurezas que saem do organismo com o tal suco verde. Nos sentimos leves, renovados e “limpos” de tudo e todos. É o momento ideal para o encontro com a nossa essência, eu diria.
E neste universo de paz é que surgem nossos principais questionamentos: carreira, relacionamentos,  escolhas que fizemos e oportunidades. Talvez essa última palavra – oportunidade – seja a chave para os caminhos que seguimos.
Acredito que a vida é feita de oportunidades. Não tenho dúvidas, também, que as oportunidades constroem nossa vida. Oportunidades que buscamos; que nos são ofertadas; que escorregam por entre nossos dedos; que caem no colo como uma benção divina; que nunca chegam.
Para mim, no período que saímos da rotina surgem, do nada, os seres que habitam a nossa consciência. Será que estamos na direção certa? Será que nos empenhamos ao máximo em busca dos nossos desejos? Será que nos foram dadas as devidas chances ou fomos obrigados a desviar dos sonhos?
Sim, estou dizendo que as férias são um segundo balanço de vida! Menos pesado que o final do ano, bem verdade. Mas uma verdadeira reflexão do que deu certo e errado, do que fizemos e deixamos de fazer, das oportunidades que nos deram e que não nos foram apresentadas ao longo da vida, e não apenas no ano que passou.
Cada um sabe o que já buscou neste mundo, como se esforçou para alcançar o tal objetivo, quem ajudou ou não a realização da meta. Enfim, cada um sabe como se sente hoje depois de todas as perguntas respondidas.
Não é fácil aceitar que, em algum momento, nos podaram do que achávamos competentes para viver. Não é fácil aceitar que, em algum momento, escolhemos a opção B. Não é fácil aceitar que, em algum momento, algo saiu errado.
Mas, como nada é por acaso, tivemos de encarar novas oportunidades na vida! Vida que talvez seja a nossa de hoje. Nem tão planejada nem tão sonhada, mas ainda sim a nossa feliz e digna vida. Feliz e digna vida que podemos, todos os dias, buscar ou esperar por novas oportunidades!

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apenas uma noite...

Não há nada mais secreto em nós que os sentimentos. Ninguém consegue desvendar o que se passa dentro do meu ou do teu coração. Às vezes, nem nós mesmos deciframos o que dizemos estar guardado a sete chaves.
No entanto, um gesto, um olhar, um falcete podem dar sinais de algo que nunca nos demos conta de que um dia iria acontecer. E mais: fazem ressurgir ou eclodir dentro de nós o monstro adormecido da paixão, do ciúme, da dúvida.
Esse é basicamente o assunto de “Apenas uma noite”, de Massy Tadjedin, onde Joanna (Keira Knightley) acusa o marido, Michael (Sam Worthington), de estar interessado em uma colega de trabalho. Durante uma viagem profissional, Michael não esquece o que a esposa lhe disse e resolve testar se a acusação dela é verdadeira. Nesta mesma noite Joanna reencontra um amor do passado, Alex (Guillaume Canet), que a faz balançar.
É a vida real, onde estamos, todos os dias, lutando contra nossas tentações e a favor do que acreditamos. Atire a primeira pedra quem nunca achou interessante um ou uma colega do ambiente profissional, quem nunca traiu ou pensou em cometer um adultério, quem nunca se sentiu mal por ter esses pensamentos, quem nunca encontrou um amor do passado e se questionou sobre o por quê do fim do relacionamento, quem nunca repensou a atual relação, quem nunca pensou em viver uma loucura, mesmo por uma noite! Todos esses questionamentos se passam pelas cabeças dos quatro personagens.
Na trama, sem muitas emoções, mas com uma dose carregada de experiências conflituosas, tenho que admitir, nos faz sentir menos culpados com as escolhas da vida. Por um motivo simples: nos identificamos com todos os quatro personagens, ora com um, ora com outro. É mais ou menos na linha “é assim pra todo mundo”.
Às vezes, não ficamos com o amor da nossa vida e não sabemos o motivo. Às vezes, casamos com quem nos dá segurança e equilíbrio do que com quem fomos loucamente apaixonados. Às vezes, procuramos alguém que nos dê ouvidos e colo, mesmo sabendo que queremos correr para os braços de quem estamos juntos. Às vezes, queremos apenas ser notados!
Entendemos que pode ser assim para mim, para você ou para o vizinho. Entendemos que tudo pode acontecer apenas em uma noite! Entendemos que tudo pode não passar de apenas uma noite!

apenas uma noite - imagem

beijo gay, nudez e mimimi...

Não tenho dúvidas de que o Brasil é o país do mimimi. No início do ano, jornalistas, formadores de opinião e uma parcela mais retrógrada da sociedade recriminaram o tão esperado primeiro beijo gay da televisão nacional. Durante semanas não se falava em outro assunto. Alguns setores da mídia criticaram o tão bonito gesto de amor, mesmo que ficcional, entre dois homens do mesmo sexo na novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. Alguns até apostaram qual seria a próxima “pouca-vergonha” que “eles” teriam que engolir através dos folhetins globais.
Dia 23 de fevereiro, um domingo, artistas voltaram a incomodar quem deveria estar ao lado deles, lutando por um mundo livre e sem preconceitos. No desfile do Bloco da Laje pela Orla do Guaíba, em um dos eventos de pré-carnaval de Porto Alegre, dois atores tiraram a roupa e se beijaram em público. Pronto, mais mimimi na capital! Até um apresentador desses programas sensacionalistas da TV local caiu de pau no inusitado e divertido gesto.
Eu estava lá no exato momento da intervenção artística. Mães e pais com filhos pequenos estavam lá. Senhores e senhoras estavam lá. Homens e mulheres, de todas as orientações sexuais, raças e crenças estavam lá. O clima era de alegria e diversão, simples assim. O ato estava dentro de um contexto da música que dizia “vamos tirar Jesus da cruz”. Os dois integrantes do grupo foram aplaudidos e ovacionados. Mas a euforia geral não foi pela banalização da nudez ou pelo beijaço deles, mas, sim, pelo fim de toda e qualquer discriminação. E até onde me foi informado os rapazes são heterossexuais, o que prova, mais uma vez, que tudo não passou de um “abrir” de olhos para os tempos atuais.

laje
Em carta publicada na internet, o bloco carnavalesco escreveu:
- “Tiramos a roupa porque o corpo é lindo. O corpo é uma festa…Não há do que se envergonhar. Peitos, bundas, pênis, todos temos, todos usamos, todos são belos a sua maneira…”!
Em um mundo que ainda há países onde homossexuais são listados e condenados à prisão perpétua e à morte, onde mulheres são proibidas de mostrarem o corpo, onde a cor da pele ainda é motivo de ódio, onde a informação é negada, onde a liberdade de expressão é coibida com violência, o Brasil deveria se orgulhar de ser um território livre de qualquer tipo de retaliação legal. Sou jornalista e não entendo o porquê que muitos colegas ficam visivelmente incomodados com a feliz liberdade alheia.
Essa turma, que cobra justiça pela a morte de um repórter/fotógrafo/cinegrafista durante uma cobertura de guerra ou conflito, que esbraveja quando o nosso trabalho é censurado por um governo, que enche a boca para falar da tal liberdade de imprensa, deveria aprovar e elogiar manifestações legítimas do povo. Sou de uma opinião: caso não queira aplaudir, tudo bem. Apenas respeite. O respeito já é um começo para a construção de um futuro melhor.
Em 2014 não há mais espaço para dois pesos e duas medidas. É preciso entender que a tua liberdade não é mais importante que a minha ou de qualquer um que seja. Todos temos os mesmos direitos e deveres. Todos somos iguais.  Está na hora do mundo deixar de mimimi, de celebrar a felicidade de sermos livres e de tirar o Jesus da cruz.
mimimi
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doar renova as energias

Ok. Ok. Ok. Vou confessar. E me envergonho, um pouquinho, do que vou escrever. Sempre preferi ganhar a dar. Gosto de receber presentes, elogios, atenção, carinho, méritos e tudo o que tenho direito. Quem não gosta, não é mesmo? O que não significa que também não faça agrados aos outros. Sou um cara extremante carinhoso, dedicado e atencioso.
O problema é que quando não se ganha o que se espera, vem a frustração. Com a frustração, a insatisfação. E com a insatisfação, a tristeza, a decepção, a depressão e os sentimentos ruins que possamos ter.
Ainda bem que tudo nessa vida é passível de transformação. Há um bom tempo – recentemente, é bem verdade – descobri o prazer de doar. Por incrível que pareça, a partir da doação material como roupas e objetos, percebi o quanto é gratificante fazer o próximo mais feliz, nem que seja apenas um pouco menos triste.
Já que estamos no início de 2014 e que ainda é possível traçar as metas para o ano, já sei quais serão os meus objetivos para os 12 meses que tenho pela frente. Aliás, o único plano: doar mais.
Doar para mim e, sobretudo, para os outros. Doar mais roupas. Doar mais calçados. Doar mais objetos usados. Doar mais livros. Doar mais tempo para o meu lazer e projetos. Doar mais horas para a minha família. Doar mais dias para os meus amigos. Doar alguns segundos para um desconhecido. Mas, principalmente, doar mais carinho, amor e compreensão para mim e para todo aquele que precisa.
Doar, seja lá o que for, faz a energia circular. Não tenho mais dúvida disso. Renovamos a vida dos objetos doados, assim como renovamos a nós mesmos. Li uma frase interessantíssima que resume muito bem este post:
A vida responde de acordo com o que você dá.
Que em 2014, 2015, 2016, 2017…possamos doar mais. Só assim construiremos um mundo melhor e reduziremos, com certeza, as nossas infelicidades causadas por frustrações!
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vidinha para meu consumo

A sociedade de hoje está num surto tecnológico sem volta. A cada dia surgem novas ferramentas de comunicação e aplicativos de relacionamentos. Basta estar num grupo de amigos que se percebe que todos ficam ligados nos seus smartphones. Hoje, por exemplo, ninguém mais pede o número do teu telefone. Logo, perguntam:
Qual o teu WhatsApp?
Para quem não sabe, ainda, WhatsApp é uma forma das pessoas trocarem mensagens sem pagar por SMS. Realmente é um achado! O problema é que muita gente confunde isso com um chat, já que se pode ter uma conversa simultânea.
Como, teoricamente, estamos sempre com o celular perto de nós, há quem não respeite a nossa individualidade. Manda mensagem antes das 8h e depois da meia-noite. Sem falar que, ao ver o status de “online” logo dá um “oizinho”, sem nunca mais parar de falar.
Sou jornalista e gosto, realmente, de tudo que facilita a nossa comunicação. Uso direto o tal WhatsApp e estou nos principais Social Network: FaceBook, TwitterInstagram,Foursquare…O problema é que isso acelera, e pacas, o nosso metabolismo-físico-mental.
Acordava pela manhã e a primeira coisa que fazia era pegar o celular para conferir as mensagens. E a última atividade do dia era dar uma espiadinha no telefone. Dormia e acordava a mil. Tudo eu comentava e postava! E comentava e curtia tudo o que postavam. Natural, claro!
Estar no mundo virtual é, de certa forma, compartilhar com os outros o que se está fazendo e pensando. Esse é o grande lance da brincadeira. Consumimos TUDO o que os outros consomem, sem desfrutar efetivamente do que se está consumindo.
Faz um bom tempo que reduzi a minha entrada nas redes sociais. Dei um tempo. Compartilho, comento e curto o que realmente acho legal e que pode acrescentar ao outro. Estou me sentindo bem e menos ansioso nesta nova fase meio low profile. Como diz uma letra de uma canção tradicionalista que me foi comentada por um amigo, estou levando uma “vidinha que é minha, só para meu consumo!”.

tudo é questão de tempo

Ah! Se pudéssemos voltar no tempo. Esse, certamente, é o impossível desejo mais secreto e íntimo de todos nós.  Quantos erros poderíamos consertar, quantas decisões poderíamos repensar, quantas frustrações poderíamos arrancar de nossos corações se tivéssemos o dom do “refazer” o presente, que vira passado em um segundo.
Em Questão de Tempo (2013), de Richard Curtis, os homens da família Lake possuem a magia de atrasar os ponteiros do relógio. Na trama, Tim, um jovem desajeitado de 21 anos, ao descobrir a máquina do tempo que está dentro dele, decide fazer de tudo para arranjar uma namorada. Cenas engraçadas nos dão um gostinho de “eu também queria receber essa capacidade”! Capacidade de reeditar o momento do primeiro encontro com a pessoa amada, o primeiro beijo, a primeira transa e o pedido de casamento.
Mas, surpreendentemente, o roteiro vai amadurecendo, como a gente mesmo, ao longo da vida! A comédia se transforma num drama. O riso nos nossos lábios dá lugar para reflexões e lágrimas nos olhos ao sabermos que nem tudo é passível de nova chance, nem mesmo na ficção. E aí, meu caro leitor, ganhamos um soco no estômago.
O roteiro de Questão de Tempo nos acorda para o agora. Nos damos conta que não é fundamental voltar um momento para construir um novo final. Isso tornaria a vida perfeitamente chata, já que não aprenderíamos com os erros e frustrações.  E nem entenderíamos o sentido da vida.
Entre risadas, nós na garganta, lágrimas e uma saudade que brota na gente – do que vivemos e do ainda iremos perder -, percebemos que tudo é uma questão de tempo. O nascer, a infância, a adolescência, o amor, a fase adulta, a velhice, a doença, a morte! O tempo de agora é aprender com o tempo passado. É levar a vida mais leve, é dizer mais vezes “eu te amo” para quem se ama, é beijar e abraçar mais quem se gosta, é sorrir mais – mesmo na dificuldade -, é ser feliz. É simplesmente viver! Porque tudo é uma questão de tempo.

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foco é inimigo da preguiça

Ah…a segunda-feira! Vira e mexe e ela vira pauta no trabalho, na escola, na faculdade, na academia, no cursinho de inglês e em qualquer lugar que vamos. Não adianta reinar ou contestar, mas é o dia internacional da preguiça.
Se aproveitamos o máximo o final de semana, ela, a segunda, serve como ressaca na nossa vida. Se descansamos muito no “findi”, ela, a segunda, segue sendo a extensão do sono e da lentidão! De um jeito ou de outro é na manhã dela, a segunda, o momento que pensamos:
ai não, começa tudo de novo…”
Tem até pesquisador por aí tentando tirar da segunda-feira o título de “O Dia Mais Desestimulante” da semana com estudos e teorias.  A mais recente tentativa otimista que ouvi é que temos que colocar uma atividade prazerosa neste dia para nos estimular. Certamente a minha seria o ócio seguido de uma longa soneca!
Enquanto não consigo realizar meu desejo, luto com as armas que tenho. Na última segunda-feira, depois de uma noite de sexta, um sábado e um domingo gloriosos na praia, me deparei com o “já é manhã de segunda”?
O peso do ar úmido de Porto Alegre grudava no meu corpo. A cama me abraçava. As pálpebras pareciam importadas da China – meio fechadas -. E o raciocínio mais lento que a operação tartaruga dos ônibus da capital gaúcha.
Sem saída e com a missão de ter que honrar com minha agenda pensei:
O foco é inimigo da preguiça! O lance é focarmos, mesmo com preguiça, para que façamos acontecer!!
Bingo! Nesse momento, mesmo sofrendo de preguiça-mor, foquei no que deveria ser executado. Trabalhei, malhei, atendi familiares e amigos com uma disciplina japonesa. Nem olhava para o lado e respirava apenas o necessário. Fazia o que tinha que fazer e ponto. Como resultado, tudo foi finalizado – no meu tempo, bem verdade – e me deu uma sensação incrível de missão cumprida. Daí, no final da tarde, fui para a casa e me larguei no sofá para relaxar.
Quando a preguiça bater, seja ela segunda, terça, quarta ou qualquer dia, o negócio é focar! Como diz um ditado por aí:
O importante não é a velocidade com que se chega, e sim o trajeto que se faz para chegar.

comece 2014 em 2013

Quando eu era criança, adorava essa época do ano. Sentia chegar ao meu coração a esperança de novos tempos. Sem falar do cheiro das gramas cortadas e do calor delicioso que se espalhavam pelo ar.
Na infância, o Natal significava presentes – e muito presentes – e uma linda ceia em família. Já o Reveillon era sinônimo de praia, onde ficava por quase três meses desfrutando de mar, sol, brincadeiras e ócio. Eita tempo bom!
Na adolescência, a noite do dia 25 de dezembro passou a ter um sentido mais cristão. Entendi que a data servia para rever conceitos e renascer como pessoa – tentar corrigir os defeitos e ampliar as qualidades. Já a festa da virada, bom essa aí, me enchia de esperança, afinal, o ano novo traria uma pá de novidades, como uma nova série no colégio, novos amigos, me aproximaria cada vez mais da faculdade, dos 18 anos, da tão sonhada carteira de motorista, do primeiro estágio, da minha carreira, enfim, do começo da VIDA madura.
Hoje, dia 13 de dezembro de 2013 ainda não montei meu pinheiro de Natal. E, pasmem, não tenho a menor ideia de onde darei as boas-vindas para 2014. E também não sinto chegar a esperança de novos tempo, nem percebo o calor delicioso e o cheiro de grama cortada.  E também não estou deprimido.
Aliás, nessa época, muita gente fica deprimida, sejam pelos desejos não alcançados ou por perdas adquiridas ao longo do tempo. Perdas materiais ou sentimentais. Há quem viva uma euforia demasiada com a chegada dos novos 365 dias. Tipo: no ano que vem, como num passe de mágica, tudo vai melhorar.
Poutz! Que saco. Estou neutro a tudo isso. Aos 37 anos, percebo que na passagem das 23h59min do dia 31 de dezembro para às 00h do dia primeiro de janeiro a única coisa que muda é o ponteiro do relógio. Desculpem, mas é isso mesmo!
No dia seguinte ao Reveillon, tudo continua exatamente igual: o meu carro, a minha casa, o meu guarda-roupa, o meu trabalho. E o pior: as minhas contas são as mesmas, aliás, até aumentam, com o IPVA, IPTU e por aí vai.
Não quero jogar um balde de água fria nos otimistas que depositam todas as fichas no novo ano e nem deprimir ainda mais quem está na fossa! Longe disso! O que quero provocar neste post é que não há motivos para ficarmos pra baixo depois do balanço do ano – se é que fizeram – e que não devemos acreditar que todos os nossos problemas irão sumir no primeiro dia do ano que vem. Atenção: dois pés no chão, foco, mundo real!
Já faz alguns bons anos que harmonizo o corpo, a mente e o espírito em busca de uma vida mais plena. Compreendi, nos últimos tempos, que todo o dia pode ser Natal e que toda a meia-noite pode ser brindada como uma nova era, de esperança e mudança!
Pelo menos, penso assim! Pelo menos, tento fazer isso. Talvez pelo fato de entender, depois de muitas expectativas frustradas, que nada muda de um minuto para o outro e, sim, ao longo da nossa existência.
Hoje reflito, diariamente, sobre como renascer. Todos os dias procuro pensar o bem e ter atitudes que me tornem uma pessoa melhor. Sempre ao acordar, abro a janela do quarto como se abrisse um espumante na virada da meia-noite do Reveillon. Todas as manhãs, para mim, não são apenas um começo de dia, mas um recomeço de um novo ciclo de vida. Talvez por isso, ainda não tenha incorporado o espírito das festas de final de ano.
Passei a compreender que nascemos, crescemos, atingimos a maturidade com a estabilidade financeira – conquistando nossas principais necessidades como profissão, casa, carro…-, acumulamos vitórias e derrotas, convivemos com a dor, perdemos entes queridos e envelhecemos. Para algumas pessoas morremos, para outras, iniciamos uma nova etapa em nossa existência. É assim para todo mundo!
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Então, comece 2014 hoje e trabalhe para que o espírito natalino – de amor, paz, união, solidariedade – esteja todos os dias em ti. Vou enfeitar minha casa com o tradicional pinheiro e o presépio porque acho um lindo símbolo. Boas festas!

em busca da felicidade!

Todo mundo busca a felicidade! Algumas pessoas acreditam que ela está ligada a um casamento sólido e com filhos. Outras crêem que ser feliz é ter um bom padrão de vida, com um salário excelente e um cargo invejável. Há aquelas, mais exigentes, que se esforçam para ter uma família e uma situação econômica estável.  Tem gente, no entanto, que basta ter saúde que o resto vem quando tiver que vir.  Cada um tem a sua própria fórmula para ser menos triste.
Assim como todos os mortais, também quero a tal felicidade. Na dúvida de onde encontrá-la, comprei um livro chamado “Chaves para a Felicidade – e para uma vida significativa”, de Kyabgön Phackhock Riponche. O autor, budista, lista uma série de atitudes que, juntas nos trazem esse espírito de paz interior. Não vou aqui, neste post, revelar todos os ensinamentos deste homem que estudou e se aprofundou no encontro com o equilíbrio espiritual.
Mas quero falar sobre uma prática em especial: a paciência. Como bom virginiano, gosto de resolver tudo na hora, de ter respostas imediatas e lidar com pessoas responsáveis e comprometidas. Escrevi bem: gosto. O que não significa que consigo ter essa satisfação e, consequentemente, minha paciência fica no pé.
Em uma única semana, minha vida “pirou” por causa de situações desagradáveis. Além do trânsito enlouquecido dessa época do ano, de clientes impertinentes, tive de lidar com problemas domésticos. Ok. Para mim, eram questões importantes. Em apenas cinco dias, tive uma porta do refrigerador danificada por conta de uma instalação de um granito no balcão da minha cozinha, o dono da marmoria que não dava o retorno sobre a solução do estrago, um fornecedor não entregava uma bancada de vidro e, pela segunda semana consecutiva, a moça que limpa minha casa não compareceu para trabalhar. Affe! Paciência zero.
Confesso que na sexta-feira, depois de passar a semana inteira ligando e escrevendo e-mails para resolver as pendências, entreguei pra Deus – literalmente. Havia cansado de correr atrás de tudo e de todos! Mesmo fazendo a minha parte, vi que todos os esforços não estavam dando resultado. Relaxei!
Na outra semana, como num passe de mágica, os problemas foram solucionados. Um por um. Cheguei até a outra sexta de bem com a vida, com tudo zerado. Naquele momento percebi que as coisas tinham o seu tempo, que não era necessariamente o meu tempo. Entendi que os percalços que me deram alguns fios de cabelo branco a mais na minha cabeça serviram para mostrar que a paciência é, de fato, uma das chaves para a felicidade.
Em 2014, que já está aí, tentarei ser mais paciente – em tudo – para o meu bem. É claro, me esforçarei para colocar as outras atitudes listadas no livro em prática também. Afinal, na publicação, a felicidade vai muito mais além de realizações pessoais e que não depende de um bom casamento, um bom emprego, uma boa condição financeira, para tristeza de muita gente. O buraco, meus amigos, é bem mais embaixo. Acreditem!

avaria

o pedido da virada!

Deu! A brincadeira acabou. É fato! 2013 termina para 2014 entrar em cena. E todos se organizam para a hora da virada de calendário. Literalmente no último minuto do dia 31 de dezembro, olhar para o céu parece ser inevitável e um consenso mundial. E no primeiro minuto do ano novo já começam os pedidos e os desejos para os próximos 365 dias. É um pede-pede que congestiona até mesmo os nossos pensamentos com Deus e com o universo, para quem preferir.
Tirar a conta bancária do vermelho, trocar de emprego, entrar na faculdade, fazer um pós, iniciar a dieta, se inscrever numa academia, comprar a casa própria, arranjar um amor estão no topo da lista! Cada um de nós tem suas prioridades! Mesmo aqueles que não colocam no papel, guardam na cabeça os objetivos para o novíssimo ano.
Eu mesmo, confesso, que em reveillons anteriores tinha lá as minhas “algumas” resoluções. Como virginiano da gema obtinha bons resultados porque me dedicava para tal. Enchia-me de orgulho e, é claro, de frustrações também. Um ano era pouco para atingir 100% de tudo o que pretendia. Para não me aborrecer, parei de superfaturar a listagem com o passar dos anos.
2013 não foi fácil para mim. Diria, inclusive, que foi bem difícil. Mas aqui estou eu, escrevendo o último post do ano.
Na hora da virada, também adoro contemplar o céu, que fica lindo e colorido com os fogos de artifícios. Tenho a impressão que todas as energias positivas caem em nossas cabeças trazidas pelos estouros dos foguetes. Nas recentes celebrações de fim de ano, esvaziei a minha mente em busca de paz. Foi só o que fiz, sem ter planos! Foi bom, pois apenas vivi o que era reservado para mim.
Para o adeus de 2013 vou olhar para o céu, como de costume, atrás do colorido e das lindas formas dos fogos de artifícios. Quando o relógio marcar 00h00min do dia primeiro de janeiro de 2014 irei abraçar meu pai, minha mãe, meu irmão, minha cunhada e agradecer, simples assim. Agradecer por mais um ano. Agradecer por eles estarem ao meu lado ao longo dos meses. Agradecer por eu – e eles também – ter superado todas as dificuldades que a vida apresentou. Agradecer pelo trabalho, pelos amigos, pelo alimento, pelo abrigo e por tudo que venci e conquistei! Mas, acima de tudo, por tudo que melhorei.
Hoje, entendo que agradecer é mais sensato que pedir! Que as conquistas chegam através dos agradecimentos e não dos pedidos. Afinal, a vida nos surpreende a cada dia! Feliz ano novo!!

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o tal do amor líquido!

As salas de espera são ótimas para colocarmos a leitura em dia. Afinal, hora marcada é apenas uma formalidade. Ninguém nos atende no horário agendado. Mas, graças a um desses atrasos, pude descobrir um pensador com uma visão bem interessante sobre as relações humanas nos dias de hoje.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, de 84 anos, afirma que vivemos na chamada “sociedade líquida”, onde nada é para durar. Tudo é muito volátil, inclusive os relacionamentos amorosos. Na minha cachola já imaginei a hashtag TENSO!  Pesquisei mais sobre esse ponto de vista tão contemporâneo e meus butiás caíram do bolso de tão verdade verdadeira.
Atualmente, não é mais preciso sair de casa para conhecer alguém. As diversas redes sociais e aplicativos de telefones são perfeitos para o xaveco entre homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens. Por trás da telinha do computador, do tablete ou do smartphone, as palavras, os gestos e as promessas de um novo amor são tão intensas quanto à velocidade das informações que chegam para nós, a cada segundo, diariamente, através da internet. Tudo é lindo e perfeito. Tudo é imediato!
Os solteiros sabem do que estou falando. Paixões vêm e vão todas as semanas. É a montanha russa dos sentimentos: estamos bem – em linha reta-, daí nos encantamos por alguém que “curte” ou nos dá “follow”, subimos ao topo da euforia, depois entristecemos com o “unfollow”, descemos velozmente para a “deprê”. É um sobe e desce de expectativas. Esse é o tal do “amor líquido”, segundo nosso amigo Bauman. Traduzindo: é um amor “até segundo aviso”. Aqui, vale amar enquanto esse amor trouxer satisfação. Depois disso, ele é substituído por outro que promete ainda mais benefícios. Puxado, hein?
Vocês, queridos leitores descompromissados, já devem ter sido vítimas de uma relação dessas, não é mesmo? Ou, quem sabe, já foram vilões de uma história romântica que começou pela internet. Eu mesmo já fui alvo algumas vezes. Talvez vilão. Bem mais vítima do que vilão. Tudo bem, não vem ao caso.
Mas, de fato, há quem sofra mais com esse golpe sentimental. O vovô pensador Zygmunt é sábio nesse assunto. Não sei se ele tem conta no twitter ou Facebook, mas entendeu que os contatos online possuem uma vantagem sobre os reais: são mais fáceis e menos arriscados.
Se as coisas não saíram como o esperado ou ficaram muito “quentes” ou “mornas”, os sedutores simplesmente se desconectam da relação, sem a necessidade do adeus, sem assumir que não rolou, sem explicações, sem uma palavra, sem nada! Simplesmente somem. O respeito para o próximo não existe. Como também não existe mais o tentar. Afinal, há tantas outras oportunidades por aí!
O que essa geração que vive o tal do amor líquido não se liga é que tudo na vida tem dois lados, o bom e o ruim. Fugir da responsabilidade, do diálogo e de uma relação adulta e civilizada é menos sofrido e mais prático, pelo menos no “agora”.  Mas, certamente, essas pessoas têm muito mais a perder do que a ganhar. Perdem a chance de conviver, mesmo como amigo, com o outro. Deixam de aprender e a ensinar coisas. Mas, acredito, acima de tudo, que elas deixam de evoluir como seres humanos. Essa fatura, certamente, virá a longo prazo!
Então, meus amigos, muito cuidado com os lero-lero virtuais. Bora pra vida e se relacionar com quem está afim da realidade. Vamos pra balada, pros parques, pros bares, pro mundo de verdade. Que tal se propor conhecer o próximo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza?

o desviar das antas

Eu li uma frase que me fez rir muito: “fácil é matar um leão por dia, difícil é desviar das antas”! Entenda por “antas” as pessoas que, de uma maneira ampla, tiram a nossa tão sensível e quase escassa paciência. Às vezes tenho a impressão – e rezo para que essa sensação não seja verídica – que o mundo tem mais gente anti-social ou exageradamente sociável do que equilibrada.
É o síndico do prédio um senhor ranzinza. É o caixa da padaria que sempre quer te dar balas ao invés de moedas como troco e faz cara feia quando reclamamos. É a faxineira da academia que fica limpando o aparelho que estamos usando. É o colega azedo de trabalho. É o gerente do banco mal-humorado. É a fofoqueira do pilates. É o esnobe do chefe. É o motorista que nos corta no trânsito. É o primo invejoso. É o amigo que posta nas redes sociais o que está fazendo a cada minuto como se fosse o mais feliz do mundo… Bem, eu poderia passar horas, literalmente, listando comportamentos que nos deixam, no mínimo, incomodados e com cara de “Ai Meu Deus”.
E é tanta energia ruim que absorvemos durante um único dia que nossa alma é invadida pela bactéria da tolerância zero. Inconscientemente não agüentamos tanta pressão e, do nada, passamos a criticar todos e tudo. Ou seja, entramos na onda que não queremos surfar. Baixamos o pau, sem critérios, como forma de desestressar – ou de falar mal mesmo. Só que não nos damos conta de quanto isso não é legal nem benéfico para saúde.
Com o passar do tempo percebi que essa terapia do “soltar o verbo” era equivocada e que o resultado era contrário ao que esperava. Eu não ficava mais leve com tal atitude pequena. Não gostava mais que quem eu era.
Decidi, então, controlar minha mente para não criticar por criticar ninguém nem nada. Se a pessoa age de tal maneira, problema é dela! Tenho que confessar que é um exercício diário de muita boa vontade e dedicação. Não é fácil passar por um cidadão desagradável e abstrair, como se morássemos na terra dos Smurfs – onde todos se amam de paixão, se respeitam e são amigos.
Quando alguém faz fofoca de outra pessoa, mudo de assunto. Ao encontrar uma pessoa com uma “vibe” no pé, procuro despistar. É muito bom quando consigo “agachar e a andar” para os malas. Primeiro, porque se eles não mudam, mudo eu. Segundo, porque não vou perder meu precioso tempo por quem não vale a pena. Terceiro, não sou igual a eles. Quarto, quero ser um cara melhor!
Desviar das antas é necessário. Desviar mentalmente das antas é fundamental. Mas não se preocupe caso, em algum momento, tu desandares a falar mal de um parente, amigo ou situação. Não somos perfeitos e, às vezes, será inevitável o falatório. O importante é entender que controlar a mente para o bem é um exercício diário que vale o esforço. Boa sorte!


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Quem manda em mim?

Olá querido leitor e leitora! Sei que estou em dívida com vocês. Faz um tempinho que não posto um texto novo aqui no Limonada Zen. Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca. Vamos, então, a uma reflexão inédita aqui no blog.
Nós, seres humanos, somos muito vulneráveis aos sentimentos e as nossas vontades. Se ficamos tristes, pronto, já é o suficiente para comermos àquele doce e mandar a dieta para a lua, ou, na melhor das hipóteses, para a próxima segunda-feira. Se estamos alegres, vamos beber todas, afinal, o que importa é o momento e azar do dia seguinte – àquela péssima sensação no estômago, dor de cabeça e gosto de guarda-chuva na boca. Se a preguiça bate no corpo, ficamos mais tempo na cama e atrasamos o primeiro compromisso do dia. Isso se não o cancelarmos, não é mesmo?
Nós, gaúchos, temos mais um grande motivo que nos torna ainda mais vulneráveis: o clima. O inverno que passou e a primavera que está chegando decidiram se unir. Chuva, frio e muita umidade têm feito não só os cuscos renguearem, mas a gente também.
Confesso que sempre fui disciplinado na minha rotina. Gosto de acordar cedo e iniciar a vida bem cedinho. Mas nesse ano, a porca torceu o rabo. Na boa! Com sensação térmica negativa não há quem queira estar na rua badalando! Pelo menos eu quero estar no aconchego da minha cama. Aliás, se pudesse, eu hibernava como os ursos!
Mas nessa semana decidi resgatar o “militar” que há dentro de mim e assumir as rédeas do Adriano Cescani. Na terça-feira que passou, o sul do Brasil foi atingido por um ciclo violento de chuvas. E olha que eu até gosto de sair em dias chuvosos. Acho a cidade charmosa. O problema é que chovia, mas chovia, muito!
Olhei para a janela e pensei:
Olha a chuvarada. Não vou ir à academia. Vou me molhar todo. Além disso, posso me gripar. Sem falar que está muito frio. Ah! Vou todos os dias, né? Hoje não vou e PRONTO.
O problema, ou a solução, é que a consciência falou mais alto. Deu uma cutucada em mim.
Ai ai ai Adriano. Essa desculpa está mais velha que panetone em cima da geladeira da casa da tia-avó. Sempre fui disciplinado, não vai ser agora que vou fazer corpo mole.
Suspirei, mas suspirei fundo, e disse alto e bom tom para eu me ouvir:
Quem manda aqui: eu ou o clima?
Eu, respondi! Criei coragem e mesmo com o temporal fui fazer meu treino diário. Foi bom. Me senti bem comigo mesmo e com o dever cumprido.
E é aí que quero chegar. Usei o caso do treino, mas essa pergunta pode ser feita para várias questões do dia-dia. Se está de dieta, porque comer um doce fora do dia permitido? Se está fazendo uma outra atividade que não seja lá tão prazerosa, pra que fazer corpo mole se é necessário executar tal ação? Se parou de beber refrigerante, porque abrir uma exceção sem um bom motivo? (Festa de criança, por exemplo?)
Às vezes é bom nos permitirmos alguns luxos e deixamos de fazer tal coisa. O problema é quando achamos que sempre somos merecedores dos luxos. E não somos. A “folguinha” é boa para quem rala muito – seja no trabalho, na dieta, na academia, ou em qualquer outra ação. Se o luxo vira rotina, deixa de ser luxo! E vamos combinar, “gazear” é legal, mas só de vez em quando para deixar a vida com um gostinho de quero mais.

Importo-me com o meu mundo!

Era um dia chuvoso. Recém saíra da academia e estava com o horário apertado para almoçar e chegar na hora da consulta no dentista. Mas como todo bom virginiano, pontualidade no horário é algo imprescindível. Então, tinha exatos 60 minutos para entrar no restaurante, comer alguma coisa, pegar o carro e “voar” até o consultório. Dentro do meu planejamento tudo daria certo.
Caminhava apressado pela larga calçada do bairro com um guarda-chuva para me proteger das suaves gotas que caíam naquela hora.  Meus passos eram largos e rápidos e minha mente organizava as tarefas profissionais e pessoais que ainda tinha que executar naquela quarta-feira de inverno. Às vezes, minha cabeça parece uma máquina de lavar-roupas em funcionamento na velocidade máxima.
A calçada era ampla. Cinco pessoas poderiam caminhar lado a lado com uma boa folga – isso se não viesse ninguém no sentido oposto. O passeio público estava vazio, o que me permitia caminhar mais rápido ainda. Uma mulher, mais vagarosa, também estava “indo”. Ultrapasso-a preocupado com os meus compromissos.
De repente, vejo a mulher que ficara alguns metros atrás de mim ao meu lado. Sim, a “dona” acelerou o passo para me alcançar e, o pior, me ultrapassar. Quando vejo, ela está alguns poucos metros a minha frente, me dá um tchauzinho com as costas das mãos, e entra numa loja, enquanto sigo o meu caminho.
Começo a rir sozinho. Ri de abismado e surpreso com a atitude daquela balzaquiana. Ela reflete a sociedade atual. Uma sociedade competitiva, egocêntrica e “doentia”. A moça, que nunca vi mais gorda, acreditou que eu queria ultrapassá-la pelo simples fato de me achar melhor do que ela. Neura total! Estávamos, de fato, “indo” na mesma direção, mas não para o mesmo lugar. Não estávamos disputando uma mesa num bar, uma ficha no médico, uma vaga na fila do banco. Já seria absurdo se fossem esses casos, mas pelo menos teríamos uma explicação. No entanto, estávamos apenas compartilhando uma calçada.
Trabalho em mim uma nova maneira de pensar e agir. Importo-me apenas com o que me diz respeito. Importo-me com o meu mundo. O que não irá mudar minha vida eu devolvo para o universo para não acumular assuntos e energias supérfluas.  Então, meus amigos, sem crise! Se alguém ultrapassá-los no trânsito, no corredor do supermercado, na calçada, não peguem para si a bronca, entendam que a pessoa “apressada” pode estar realmente “apressada” e preocupada com ela mesma. Simples assim!
Ah! Para saberem, consegui chegar no horário da minha consulta.

brandas emoções!

Em fevereiro de 2010, com 34 anos, fiz minha primeira viagem para a Europa. Conheci a Espanha, a Inglaterra, a França e a Holanda. Foi a realização de um sonho. Desvendar o velho continente é uma experiência única e fascinante. Lembro-me que ao comentar com amigos e parentes sobre meu passeio, logo de cara me perguntavam como eu me sentia com essa conquista. Eu respondia, timidamente:
Bem.
OHHH! Não satisfeitos, Insistiam em saber se eu estava empolgado. Eu retrucava:
Normal.
Cruz credo, só isso? – diziam todos. Confesso que minha empolgação era modesta. Parecia que eu iria dar um pulinho ali em Gramado, na Serra Gaúcha – município que vou pelo menos uma vez ao mês por motivos profissionais. Mas também não sei o que eles esperavam de mim: que eu gritasse, que eu pulasse, que eu chorasse, talvez, que eu recitasse poemas em cada língua? Well!
***
Um tempo atrás eu estava almoçando com uma amigona. Papo vem, papo vai, e lá entrou na conversa um assunto comum a todos: os sentimentos. Falamos, na verdade, de uma situação nada muito animadora e que me remeteu para a história acima recém contada. O quanto nossas emoções vão “abrandando” com o passar dos anos.
É fato incontestável! As nossas emoções são exageradas quando se é jovenzinho, seja criança ou adolescente, e ganham outra escala, bem menor, quando atingimos a maturidade, – depois dos 30, pode-se assim dizer. Infelizmente, na fase adulta, nossa “animação” não tem mais àquela mesma intensidade eufórica da juventude. Parece que o viço contagiante que faz o nosso coração sair pela boca – por alegria, por paixão, por sofrimento – vai diminuindo.
Não é uma visão pessimista da vida, até porque não somos – eu e minha amiga – duas pessoas “brochadas” com os caminhos de nossas trajetórias. Só percebemos que ao longo da nossa caminhada vamos colhendo todos os tipos de frutos, bons e ruins, de diversos tamanhos e de vários sabores. Alguns frutos mais doces, outros mais amargos, outros azedos. E é essa mistura que equilibra o nosso paladar existencial. Ou seja, o acúmulo de situações vivenciadas nos “amornam”, pois vamos conhecendo as dores, os sofrimentos, as decepções e, é claro, as realizações. Já quando não se tem muita experiência de vida tudo é 8-80.
Na adolescência, uma festa de fundo de quintal, com cerveja quente e com meia dúzia de jovens querendo descobrir o mundo era a melhor balada do mundo. Uma ida de ônibus no inverno, entre amigos, para o litoral gaúcho – ver o mar chocolatão – era a sensação mais libertadora da vida. E as primeiras paixões, então, nossa, tudo era demais! Amor demais, dramas demais, sofrimento demais!
Como adultos, a balada mais VIP da cidade “é legal”, mas é mais um evento entre tantos que já fomos e iremos. Uma viagem interestadual ou internacional “é legal”, mas é mais uma viagem. Um novo relacionamento “é legal”, mas sabemos que se não der certo, virão outros e, que gostamos das pessoas de forma diferente. Um relacionamento sempre é diferente do outro.
***
Tenho saudades do rompante da adolescência, que já me deixou chorar uma noite inteira por um amor não correspondido. Sinto falta de não ficar “histérico de animado e empolgado” com uma baita conquista. Mesmo com as emoções mais serenadas com o passar dos anos, não significa que não sou realizado ou que perdi a capacidade de ser feliz. Fico feliz sim, quando coisas boas me acontecem. Fiquei muito feliz ao pisar em cada cidade européia, desvendar cada lugarzinho, vivenciar, intensamente, cada momento. Mas senti – e sinto – uma alegria tranqüila, com começo, meio e fim. Hoje compreendo que a vida é feita de “momentos” felizes e que não há sentimento duradouro, como acreditava na juventude. Viva la vida!

e se...

E se…eu tivesse insistido no relacionamento. E se…eu tivesse saído da minha cidade em busca de melhores oportunidades de trabalho. E se…eu tivesse feito um intercâmbio…E se…eu tivesse feito outra faculdade. E se…eu tivesse corrido mais atrás dos meus sonhos. E se…E se…!
Ao longo dos anos vamos acumulando “e se…” nas nossas vidas. Dúvidas que, provavelmente, morrerão com a gente e que nunca saberemos se a decisão escolhida foi a acertada. Eu prefiro acreditar que o que escolhemos, naquele momento, é a nossa melhor pedida. Mas, enfim, conviver com o fantasma do “e se…” e a mesma coisa que conviver com o ar que respiramos todos os segundos da nossa existência.
O filme “Carta para Julieta”, que assisti recentemente na televisão, aborda justamente essa questão: escolhas que fazemos, ou melhor, que deixamos de fazer. O longa, muito bonitinho por sinal, fala de amor, mas podemos adequar o tema para outras áreas da vida.
Acendeu uma luz vermelha no meu painel e logo fui remetido a uma conversa que tive há anos com o meu então terapeuta.
***
Eu precisava tomar uma decisão muito importante na minha vida – sim, todas as decisões são de vida ou morte para nós-, mas eu estava com meus sentimentos confusos. Não sabia se queria seguir adiante com àquilo ou deixaria guardado na minha mente e no meu coração. Sabiamente, ele me provocou:
- Se tu não aceitares o convite de ir ao encontro, nunca saberás se a tua decisão foi a correta, pois não terá elementos suficientes para a escolha definitiva. Se tu aceitares o convite e estiver presente no encontro poderá “desanuviar” os teus sentimentos para depois optar qual caminho seguir.
Foi o que exatamente eu fiz. Fui ao encontro para colocar uma pedra em cima da questão ou, o que não vem ao caso, tirá-la das minhas costas.
***
É fato! Muitas vezes optamos por um caminho sem saber se estamos fazendo bem. É normal de qualquer ser humano. O mais legal dessa vida, no entanto, é que mesmo depois da escolha feita, mesmo depois de dias, semana ou anos, podemos repensar nossa decisão e voltar atrás. Em resumo: nunca é tarde para afastar o “e se…” de nós.
Agora, vou dar a real. O “e se…” nos protege das decepções. O “e se…” é mais ou menos um conforto para nossa eterna dúvida. É como se a culpa pelo nosso descontentamento, pela dúvida de não saber se a escolha foi a certa, fosse do destino e não nossa. Voltar atrás de uma posição para eliminar de vez o “e se…” pode ser doloroso, e bem doloroso. Afinal, quem nos garante que o outro caminho também não resolveria a nossa inquietação ou falta de felicidade? Bom, pelo sim ou pelo não, pelo menos o sofrimento será em cima da certeza, e não dá dúvida!

"O Brasil vencemos..."

“O Brasil vencemos”! Ouvi, li e vi muito essa frase nos últimos dias!  As ondas de manifestações promovidas pelos brasileiros de norte a sul meteram o terror nos governantes. Muita coisa já começou a mudar para melhor por aqui e me parece ser só o começo. É fato: o povo unido tem uma força incrível!
O que muita gente ainda não se deu conta é que para o povo acordar foi preciso um despertar individual! E é esse o ponto que quero refletir neste post. Estamos juntos reformando um país, logo, podemos nos reformular individualmente. Promover uma mudança  interna não é muito fácil, mas é o começo para arrumar o que nos incomoda em nós mesmos.
O país chegou onde chegou porque, de certa forma, permitimos os absurdos das leis, as falcatruas dos políticos, os descasos dos empresários e o famoso jeitinho brasileiro(alguém que leva vantagem sobre algo e, para isso, prejudica o outro).  Nós fomos, ao longo dos anos, coniventes com tudo isso que está aí. Não vou entrar nas questões políticas, mas nas nossas particularidades.
Tomei conhecimento hoje do filme Duas Vidas. Ainda não o assisti, mas confesso que fiquei bastante curioso. A sinopse diz o seguinte: “Se você tivesse a chance de encontrar consigo mesmo quando tinha 8 anos de idade, será que aquela feliz criança gostaria de ver o que você se tornou quando cresceu?”. Enfim, todos nós cometemos erros e temos defeitos que gostaríamos de mudar. Todos nós temos situações que faríamos diferente. Bingo! Chegou a hora de acordar o “gigante que existe dentro de ti”! O Gigante chamado Brasil não acordou?
Para a reforma interna é preciso muita coisa, já vou avisando. É necessário olhar para dentro de si e buscar o que te incomoda tanto e o que te levou a alimentar esse incômodo. Esse estudo quase psicanalítico solitário pode te chatear e deprimir, mas é o começo para um novo fim.
Perdoar o outro, mas, acima de tudo, se perdoar pode ser um bom começo. Respeitar para ser respeitado. É necessário não levar tão a sério os problemas, só assim os problemas não te chatearão tanto. É fundamental fazer o que tem que ser feito, para não dizer depois que deveria ter feito o que não foi feito. É vital acreditar em algo, para que o universo acredite em ti e te faça acreditar em ti mesmo. Crucial é compreender que a pressa é chata, e só nos deixa mais nervosos e angustiados. Amar, bom, esse me parece ser o real objetivo da nossa existência. Quando tudo dá errado, só o amor nos conforta (amor da nossa família, dos amigos, dos conhecidos, dos colegas e de quem escolhermos para ficar ao nosso lado). E primordial esquecer o passado para viver o presente pleno e construir um futuro feliz!
Não é pelos 20 centavos, mas sim por uma nova história! A minha reforma interna já começou e a sua? Vai encarar?
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