sábado, 12 de março de 2011

a dor é só minha

Era uma manhã de trabalho. Faço uma ligação para uma colega de profissão com o objetivo de confirmar o recebimento de um e-mail. Descubro que sua mãe está muito mal no hospital. Solidário, digo que sabia o que ela enfrentava porque havia perdido meu avô alguns meses atrás. Do outro lado da linha, uma voz seca e amargurada desabafa:

- Não! Tu não sabes o que estou passando.

Em dezembro passado postei no Limonada Zen o texto "A viagem é só minha", que recebeu comentários legais. Muita gente que leu se identificou com tais situações ali descritas. Mas não era só isso. Dizia respeito da individualidade de cada um. Hoje, quero refletir sobre esse outro sentimento que é apenas nosso: o sofrimento.
 
Voltando a história lá de cima, NÃO, eu realmente não sabia o tamanho da dor daquela garota. E não pelo fato de um caso se tratar de avô (o meu) e o outro de mãe (a dela). E sim porque a dor era só dela. Essa conversa confirmou algo que já pensava fazia tempo. Independente do problema que temos (financeiro, amoroso, físico ou emocional), só nós sabemos o quanto nos machuca.

E aqui entre nós: não tem coisa mais "deselegante" que ouvir alguém te falar:
 
- Eu sei bem como é!

Ou:                                                        

- Te entendo perfeitamente!
 
Na real, ousamos dizer que podemos imaginar e entender. Digo de novo! Não existe como sentir exatamente o mesmo que àquele coração abalado que nos comove diz sentir! E é simples, cada um enfrenta a sua maneira o “leite derramado”.  O filho que perde um pai ou uma mãe vai sofrer diferente de um outro filho que teve a mesma tristeza. Afinal, cada um amou a sua maneira o ente querido. O amor, embora tenha a
mesma fórmula, não tem de fato. Tudo é muito próximo, mas não exato!
 
Então, em situações de aflição alheia, o melhor a fazer é ser básico. Quem sabe ficar quieto e dizer que está ali para o que a pessoa precisar. Afinal, a dor é só daquela ela pessoa.

Um comentário:

  1. As lágrimas que escorre num rosto, seja de dor, seja de alegria, não retornam ao olhos de quem se permite deixá-las escorrer. Por isso nem a minha, nem a sua dor são iguais. Permito me dizer ainda que podemos compartilhar a dor, mas nada disso torna elas semelhantes.

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