domingo, 27 de março de 2016

ditadura virtual

Quem me acompanha nas redes sociais percebeu que só publico fotos. Raramente largo teses sobre o universo e suas conspirações. A exceção, é claro, fica por conta das minhas crônicas do Limonada Zen. O motivo da minha falta de opinião, recentemente, é que tenho opinião demais e, desde as últimas eleições para a presidência da república, cansei dessa guerra que se estabeleceu no campo virtual.

Vejam bem. Apenas cansei. O que não significa que desisti de defender meus posicionamentos. Os faço apenas ao vivo e a cores e para quem é mentalmente equilibrado. Pra não dizer que estou totalmente blasé, tempos atrás fiz um post criticando um caminhão da prefeitura que bloqueou a entrada do estacionamento do prédio comercial onde está o meu escritório, atrasando a minha e a vida de quem precisava passar por ali. Reclamei – e postei foto -, como cidadão, daquela absurda falta de noção e respeito por parte de um funcionário pago por mim. Recebi apoio, é claro, da maioria dos meus friends online. Muitos, inclusive, compartilharam da minha irritação e soltaram o verbo. Mas acreditem, tiveram friends dando discurso de “Poliana”. Bohhh! O bate-boca comeu geral. Eu silenciei. 

                                    Foto de Adriano Cescani
Desculpem, mas tô achando que tem muita gente agressiva por aí. Basta postar algo que não vá de encontro ao que o cidadão defende e pronto, começa o festival de baixaria na rede mundial de computadores para quem quiser ler. E vale para todo mundo, de todos os partidos e crenças. É uma chinelagem generalizada.

Vivemos um período muito delicado no Brasil, uma nação democrática, segundo a constituição. Eu digo segundo, porque acredito que há uma grande confusão na área. Democracia, minha gente, não é orgia de expressão, não é anarquia onde tudo é permitido. Democracia é respeitar o outro, em todos os aspectos, simples assim. Acho deselegante essa disseminação do ódio. Até leio, mas não curto nem tampouco comento.

Não estou fugindo da raia ou do debate, se alguém está pensando isso. Acredito que é muito mais válido eu “discutir” com a urna eletrônica de quatro em quatro anos. Meu irmão Eduardo me contou que um amigo nosso de infância o chamou no whatsApp para um confronto pesado sobre o momento atual. What? Que que é isso my brother? Pra quê enfraquecer uma amizade por uma opinião diferente? E mais, por uma discussão gratuita. Sim. Se estou quieto no meu canto e vem alguém chafurdar na minha conta é, sim, uma agressão ou, pelo menos, uma invasão. Não acredito que essa tática terrorista funcione com quem tem conhecimento. Mas, tudo bem.

                                                                     Foto de Duca Cescani
Mais que uma crise política, econômica e de MORAL, enfrentamos uma ditadura velada nas redes sociais. Se por um lado temos livre acesso de expressão, por outro, somos censurados com provocações, com unfollow e com bloqueio (não quer ser meu amigo, ok). Quem usa a #VemPraRua toma vaia. Quem aplica #NãoVaiTerGolpe apanha. É constrangedor o que ocorre atualmente.

Sou contrário ao preconceito. Sou contra a injustiça. Sou contra a corrupção. Sou contra a má política. Sou a favor de educação, saúde e trabalho para todos. Sou a favor de toda e qualquer investigação. Sou a favor da justiça, desde que ela não seja cega. Sou a favor de prisão a condenados, seja de qual partido for, desde que sejam de fato culpados. Sou a favor da democracia. Sou a favor de um mundo com menos ódio. Sou a favor de uma vida sem mimimi.

Escrevi tudo isso para mostrar que estamos juntos neste barco. É hora de deixarmos de ser crianças mimadas que viram o tabuleiro de damas porque estão perdendo o jogo. É hora de entender que o meu voto não é menos ou mais importante que o teu. É hora de entender que eu tenho o direito de postar o que quiser sem ser coagido. É hora de entender que o amor transforma e o ódio nos torna cegos e pessoas pequenas.  

Bati o martelo. As redes sociais voltam a ter o genuíno significado delas: rede de relacionamento com entretenimento. Simples de simples.  

 O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Comentários vazios, com palavrões ou contra o blogueiro não serão publicados.

O Limonada Zen está, todos os sábados, no Programa da Regina, das 11h às 12h, na Band Tv RS.


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