segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

vista para o mar

Esse é o sexto post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.

PATA POR PATA pisava, de maneira desconfiada, na areia branca. Com o rabinho entre as pernas e o corpo rebaixado, mas muito curioso, o Kiko entrava no cômoro que o levaria para a mais ampla e bela paisagem que iria conhecer. Ao chegarmos no topo da montanha de grãos finos, pude sentir uma alegria e um fascínio que não imaginaria encontrar em um cão ao ver, pela primeira vez, o mar. Tudo nele se ergueu, das orelhas ao rabo. Em segundos, já partiu correndo em direção à água.

Como estava na guia, não preciso dizer que fui arrastado por ele – o que não chega a ser uma novidade. Sou arrastado por ele em quase todos os passeios. Mas não quis repreendê-lo naquele fim de tarde de final de primavera. Afinal de contas, o cãozinho que vivia dentro de um pátio estava conhecendo a praia e toda àquela vasta extensão de mar, terra e céu.

Ao contrário do que pensei, o Kiko não quis entrar no mar. Olhava intrigado o vai e vem das ondas. Sempre com a lingüinha para fora. Ao sentir a umidade gelada da areia onde as ondas chegavam, ele dava uns pulinhos como se estive em brasas. Mas ok. Até os cusquinhos, conhecidos por não terem frescuras, têm as suas frescuras.

Confesso que tive vontade de soltá-lo, pois sei que ele é obediente e atende aos meus comandos. Mas sei, também, que cachorro é cachorro e quando se encantam com algo não há Cristo que os coloque de volta no foco. Quem sabe em outro momento consiga deixá-lo mais livre.

A primeira ida ao Kiko até o mar, depois de sete anos de vida, foi linda! E as próximas serão também. Como foi maravilhoso e muito enriquecedor para mim viver toda essa experiência. O Kiko cheirando as conchas, os mariscos, se assustando com as cascas de carangueiros, correndo atrás de outros cães, latindo para o universo. Latindo de felicidade.  


Na semana que vem uma nova aventura do Kiko. 

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