quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

a hora da decisão

Esse é o quarto post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.

TRÊS DA MANHÃ. Ouço um barulho na sala. Levanto para ver o que é. Kiko, me olhando, fazia um cocozão próximo à porta de entrada. Ok. Não fiquei bravo. Um dia isso iria acontecer, né? Limpo o local e digo para ele que está tudo bem. Pelas seis da manhã, percebo nele uma inquietação. E, novamente, outro cocozão no mesmo lugar. Sonolento, limpo novamente, sem xingá-lo.  

Antes de adotá-lo as minhas dúvidas eram várias. Será que ele vai fazer xixi por toda a casa? Qual o cantinho que ele vai escolher para o cocô? Vai latir muito? Meus móveis correm risco de serem mordidos, roídos e destroçados? Meus Deus! Pânico total para um virginiano que adora tudo no seu devido lugar.

A “ficha” dele não é das mais limpas. Nela, há “pipis” feitos nos ambientes internos da residência da minha vó, tapetes estraçalhados e até um sofá rasgado. Como pode um cusquinho tão meigo e doce ser, ao mesmo tempo, tão travesso? Seria ansiedade? Raça? Temperamento? Criação não era, isso eu sabia. Enfim! Mesmo assim, eu queria correr o risco! Algo me dizia que seria importante para mim. Neste caso, o maior desafiado seria eu, não ele.

Não me tirem para neurótico. Sei que bens materiais são apenas bens materiais. Mas tudo comprado para compor minha decoração tem uma história. E acho importante preservamos as nossas memórias. Desapeguei, tá? Como o budismo defende, tudo é impermanente: começa e tem fim. Porque seria diferente com uma cadeira, por exemplo?

Agora! Estão sentados? Desde a chegada do Kiko em casa a única coisa que aconteceu, até agora, foi o incrível número de pelos em lugares por onde ele passa. Viva o inventor do aspirador de pó, aliás. Tirando isso, ele faz todas as necessidades na rua e os móveis seguem como eram antes: intactos. Acho que isso é um bom sinal, não? Acredito – e rezo – que ele siga neste bom comportamento. E se fizer alguma sapequice, tudo bem, isso poderia ocorrer.

Ah! E os dois totozões no meio da sala? Bom! Suspeito de um dor de barriga. Depois daquela madrugada, nunca mais aconteceu nada parecido.

O Kiko me ensina muitas lições. Uma delas, por exemplo, é que um lar sem bagunça não é um lar. Que, sim, não faz mal nenhum ter uma almofada jogada no chão e uma meia dúzia de pelos espalhados no chão ao chegar em casa depois de um dia de trabalho. Que é bom voltar e sentir uma vida feliz te esperando e pronta para te dar amor e carinho, esses, de forma incondicional. Bom! Eu acho que a lista de benefícios vai aumentar. Daí, vamos falando nisso ao longo do tempo. 

Na quarta-feira que vem, dia 20 de dezembro, a primeira festinha no parque. 


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