quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

a nova vida

Esse é o terceiro post, de uma série, sobre adoção animal. O que muda na rotina, em nós e na forma de ver o mundo.

ABRO A PORTA traseira do carro. O Kiko pula, super faceiro, para dentro como se fosse um hábito comum e rotineiro. O engraçado é que ele nunca tinha pegado uma carona comigo até então. Coloco junto dele uma sacola com os seus poucos pertences: uma bolinha, uma mantinha que pertencia a minha avó, uma almofada usada para as brincadeiras e um bichinho (não era o seu preferido, mas achei melhor levá-lo). Fecho a porta. 

Dou ré e começo a sair da garagem, deixando para trás os sete anos que vividos por ele ali, entre latidos, corridas de curta distância e muitos pulos em busca de carinho. Uma nova vida começaria para o pequeno cusquinho de pelagem branca e manchas pretas e marrons. E, sem dúvida, para mim também começaria uma nova vida.  


O trajeto, de pouco mais de 20 minutos, foi tranqüilo. Ficou em silêncio o tempo todo. O via, pelo retrovisor, olhando a cidade pelos vidros do carro. Até me espantei porque não sabia que ele gostava tanto de passear de automóvel. Uma grata surpresa. Conversamos a viagem toda. Tentei, a minha maneira, explicar que estaríamos mais junto a partir de agora. Mas, claro, ainda tínhamos um tempinho para saber como seria o inicio desta nova relação. 

O “rapazinho” que vivia em um casarão, correndo de um pátio a outro, de fora para dentro da residência, agora, habitaria um apartamento. O vai e vem de pessoas e carros, observados pelo portão, não seria mais rotina. O céu, com suas nuvens e pássaros, visto pela janela da sala e quarto, seria o seu passatempo a partir daquele dia. Isso, claro, quando eu não estiver em casa para levá-lo para as voltinhas diárias ou até mesmo para passeios mais longos. 

Finalmente chegamos ao primeiro dia de nossas vidas. Desculpem o cliclê, mas não poderia ser diferente. Não sei quem estava mais nervoso: eu ou ele. O Kiko entra desconfiado no prédio. Eu, ansioso. Sobe as escadas quase como querendo voltar. Quando abro a porta do apartamento, com o rabinho entre as pernas e as orelhas meio caídas, olha, ainda mais desconfiado, o seu novo mundo, até então restrito a uma sala. 

Meio sem saber onde ficar, é ao meu lado que para. Logo coloco a manta, a almofada, a bolinha e o bichinho perto da mesa de jantar e é para lá que ele vai. Deita bem quietinho, não entendendo muito. O que me aliviou é que ele olhava para mim com confiança. Me conhecia desde filhote. Não haveria motivos para medo. Desse cantinho não sai por um tempinho. 

Pouco menos de vinte minutos começa a desbravar a casa, bem tímido. Banheiro, cozinha e área de serviço nem pensar! Eram territórios proibidos em sua mente. Só na dele, pois na minha, estava tudo liberado. Aos poucos, está perdendo o medo da cozinha. Depois de 20 dias conseguiu, finalmente, entrar na “lavanderia”. Mas só comigo. Fico feliz por sua conquista. 

O legal é que a cada dia noto que o seu conforto é maior. Já tem até os cantinhos preferidos. Adora tomar sol deitado no sofá pela manhã. Pelo jeito, passa as tarde esticados na cama. A bolinha está sempre em locais diferentes, ao contrário do bichinho, que segue atrás da mesa de jantar, esquecido, como já era quando morava com minha amada vó. Mas, por enquanto, achei melhor deixá-lo como uma doce e saudosa referência.  I

Na quarta-feira que vem, dia 13 de dezembro, os medos e as inseguranças de se adotar um cão já adulto.  

2 comentários:

  1. Que lindo!
    Me emocionei com esse post!
    Quero conhecer essa figurinha!
    Beijos, querido!

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    1. Obrigado querida!
      Vai conhecer, sim. Vamos combinar.
      Um beijo e obrigado

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