O ser humano acha que o ser humano é bobo. Assistindo ao quadro “Jogo de Panelas III”, do Programa Mais Você, da Globo, concluí um pensamento que tinha sobre as pessoas que se dizem “verdadeiras” e “autênticas”. Permitam-me abrir um parêntese. Sim, eu vejo trechos da Ana Maria Braga quando estou me preparando para sair de casa pela manhã. Acho bem divertido. Fecha parêntese. Mas voltando ao assunto, no reality gastronômico do matutino tem uma participante, chamada Mônica, que busca, constantemente, os seus 15 segundos de fama com uma postura pra lá de questionável.
Pra quem não sabe, o objetivo do jogo é descobrir talentos da culinária. Cinco telespectadores comuns, escolhidos pela produção, têm como missão preparar um jantar na casa deles para os próprios concorrentes. E são os mesmos competidores que dão as notas. Então já viram o que pode rolar de puxada de tapete. A Mônica, no vídeo de apresentação dela, encheu a boca para dizer que é verdadeira e autêntica, que fala o quer, doa a quem doer. Resultado: bota defeito em tudo e todos. Poucos pratos são gostosos e estão legais. Agiu, ainda, de forma grosseira com os colegas de game durante uma prova. Ah! Sem falar que a bonita disse, também, que tava lá para ganhar e que ia dar notas baixas pros outros. Ok! Cada um com sua estratégia de guerrilha.
Vamos combinar, né? O mundo está cheio de pessoinha que se acha melhor que os outros por se achar “verdadeira” e “autêntica”. Estufa o peito e acredita que essa atitude é nobre e que o outro vai agradecer por ela ser assim. O rei da cocada preta é docemente arrogante e amargamente dono da verdade. Acima dele só o criador e abaixo, o próprio umbigo.
Ei? Psiu? Fala sério! Está completamente equivocado o uso da expressão “sou verdadeiro”, “sou autêntico” e “sou sincero”. Normalmente, o cidadão que se intitula tudo isso adora ser indelicado, tem sempre uma crítica destrutiva a fazer, tem caras e bocas e gestos grosseiros, nada é satisfatório 100% e sempre ele tem uma saída melhor para tal situação. É uma mala! Há casos, até, de mau-caratismo na parada (temos que ver caso a caso, é claro, sem generalizar). E vou mais longe: pessoas assim são excluídas do convívio do grupo que estão inseridas, ficando fadadas à solidão.
Parto da ideia de que a pessoa verdadeira e autêntica não se gaba das suas qualidades. Ela é descoberta, naturalmente, pelo amigo, pelo colega de trabalho, pelo vizinho, pelo parceiro do banco de ônibus. É, acima de tudo, discreta. A pessoa verdadeira e autêntica é boa, inteligente e educada. Entende que o nosso cérebro é feito, também, para selecionar o que vamos dizer. Ora, ingênuo quem acredita que vomitar tudo o que pensa é ser alguém legal. Desculpe, mas não é. Falar sem peneirar o que dever ser dito é ignorância, mas no significado da palavra, que é a falta de conhecimento. A pessoa verdadeira e autêntica sabe que a crítica por crítica não leva para lugar nenhum. Se tiver que ficar quieta, vai ficar, porque magoar o outro – sem um motivo forte – não faz sentido. Afinal, todo mundo erra um dia. Se tiver que opinar, vai falar com jeitinho, bem educado, quase pedindo desculpa. A pessoa verdadeira e autêntica sabe reconhecer o que os outros fazem de bom. E sabem elogiar também. A pessoa verdadeira e autêntica te faz crescer e não te empurra pra baixo.
Acredito que tem gente que precisa urgente rever o conceito de verdadeiro, autêntico e sinceridade. Se engana quem acredita que torna o mundo mais claro e transparente agindo como um cachorro louco, soltando raiva e ódio na nossa sociedade. Pessoa assim só torna o dia-dia mais chato e cansativo. Se encontrares uma por aí que quiser dar o ar da graça pra ti, já sabe o que dizer:
- Cai na real e acorda pra vida!
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