E se…eu tivesse insistido no relacionamento. E se…eu tivesse saído da minha cidade em busca de melhores oportunidades de trabalho. E se…eu tivesse feito um intercâmbio…E se…eu tivesse feito outra faculdade. E se…eu tivesse corrido mais atrás dos meus sonhos. E se…E se…!
Ao longo dos anos vamos acumulando “e se…” nas nossas vidas. Dúvidas que, provavelmente, morrerão com a gente e que nunca saberemos se a decisão escolhida foi a acertada. Eu prefiro acreditar que o que escolhemos, naquele momento, é a nossa melhor pedida. Mas, enfim, conviver com o fantasma do “e se…” e a mesma coisa que conviver com o ar que respiramos todos os segundos da nossa existência.
O filme “Carta para Julieta”, que assisti recentemente na televisão, aborda justamente essa questão: escolhas que fazemos, ou melhor, que deixamos de fazer. O longa, muito bonitinho por sinal, fala de amor, mas podemos adequar o tema para outras áreas da vida.
Acendeu uma luz vermelha no meu painel e logo fui remetido a uma conversa que tive há anos com o meu então terapeuta.
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Eu precisava tomar uma decisão muito importante na minha vida – sim, todas as decisões são de vida ou morte para nós-, mas eu estava com meus sentimentos confusos. Não sabia se queria seguir adiante com àquilo ou deixaria guardado na minha mente e no meu coração. Sabiamente, ele me provocou:
- Se tu não aceitares o convite de ir ao encontro, nunca saberás se a tua decisão foi a correta, pois não terá elementos suficientes para a escolha definitiva. Se tu aceitares o convite e estiver presente no encontro poderá “desanuviar” os teus sentimentos para depois optar qual caminho seguir.
Foi o que exatamente eu fiz. Fui ao encontro para colocar uma pedra em cima da questão ou, o que não vem ao caso, tirá-la das minhas costas.
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É fato! Muitas vezes optamos por um caminho sem saber se estamos fazendo bem. É normal de qualquer ser humano. O mais legal dessa vida, no entanto, é que mesmo depois da escolha feita, mesmo depois de dias, semana ou anos, podemos repensar nossa decisão e voltar atrás. Em resumo: nunca é tarde para afastar o “e se…” de nós.
Agora, vou dar a real. O “e se…” nos protege das decepções. O “e se…” é mais ou menos um conforto para nossa eterna dúvida. É como se a culpa pelo nosso descontentamento, pela dúvida de não saber se a escolha foi a certa, fosse do destino e não nossa. Voltar atrás de uma posição para eliminar de vez o “e se…” pode ser doloroso, e bem doloroso. Afinal, quem nos garante que o outro caminho também não resolveria a nossa inquietação ou falta de felicidade? Bom, pelo sim ou pelo não, pelo menos o sofrimento será em cima da certeza, e não dá dúvida!
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