Sim, eu tenho twitter. Sim, eu tenho Facebook. Sim, mesmo não atualizando, eu tenho Orkut. Sim, eu tenho Instagram. Eu tenho até blog, o Limonada Zen! O fato de ser jornalista me dá uma boa justificativa para estar conectado a tantas redes sociais. A informação é a minha ferramenta de trabalho. Tô certo ou Tô errado?
Mas é inegável que a internet é o próprio buraco negro. Tudo vai parar lá. Até a gente. Estamos expostos, iguaizinhos a manequins de vitrines de lojas. Lindos, exibindo a nossa alegria, o quanto somos felizes, ricos, amados, descolados, bem freqüentados! Só nos falta descer da nave espacial (lembram do Xou da Xuxa?) cantando: “bom dia amiguinhos já estou aqui, temos tantas coisas boas pra nos divertir…”!
Há, ainda, os “oh vida, oh céus!”, os injustiçados da vida. Tá bem! Cada um se vende como pode e quer. O problema é quando abrimos a boca, ou seja, digitamos sem nenhuma autocensura. O ator Zé Victor Castiel tem uma definição excelente sobre essas novas mídias:
- Tem gente que fala muito sem ter o que dizer.
Perfeito, não é mesmo? Um exemplo disso é quando o papo é morte. Todo mundo morre. Morre-se de acidente, doença, velhice e morte matada. Morre-se assim – poomm! – de repente. Junto com a pessoa morre, também, a senha do Facebook e das outras redes sociais. Resultado: fica-se vivo no mundo virtual.
O ser humano é, por natureza, meio mórbido! O fulano subiu o telhado e – pah! – vamos direto vasculhar a vida do cidadão no tal “Face”. Que obituário, nada! O negócio é ver fotos, ler os últimos recados e postagens do falecido. Confesso que me causa certa estranheza o povo que escreve textos saudosos, desejando uma boa passagem, para quem se foi. E daí começa o buzunzun. Um comenta o comentário do outro, que recebe uma curtida, um compartilhamento. Já li uma frase onde a pessoa informava que tinha visto o falecido na Padre Chagas na semana anterior da morte! E uma fulana que lamentou o cancelamento do jantar que teria com o morto na semana posterior ao óbito?!?
Sério! Só tenho uma coisa pra falar para o internauta que faz isso.
- Desce, o palco não é teu!
É natural que todos querem participar do último ato do “friend”. É compreensível a vontade que dá de dizer o quanto ele era importante na amizade e o quanto vai fazer falta por aqui. Respeito isso! No entanto, as redes sociais vieram para integrar as pessoas (que estão vivas)! Portanto, o palco é só dele, como num monólogo. Não há espaço para coadjuvantes. Muito em breve, os holofotes irão se apagar. Ele se foi.
A morte é um assunto sério, principalmente pra quem fica. O falecido não vai acessar a página pessoal dele para curtir todas as mensagens de condolência. Não curtirá no Instagram, um programa de foto, um cartaz escrito LUTO. Jamais retuitará o post “Descansa em paz!”. Os mortos não precisam mais de recados e curtidas. Já tão noutra. O que eles necessitam é mais simples que isso: apenas uma oração.
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