O Marcelo e a Flávia estão tentando ter um filho. O Carlos acabou de largar o emprego e a família para fazer um mestrado em Londres. A Larissa, com quase 40 anos, ainda mora com a mãe e usou todas as economias para conhecer a Europa. O Caio comprou um apartamento e nunca saiu do Rio Grande do Sul. Cada pessoa vive momentos diferentes na vida.
Eu tenho 36 anos, sou jornalista, gosto de correr, de malhar, de ir ao cinema, de namorar, de sair com amigos, de passear, de brincar de chef de cozinha, de dançar, de animais, de música, de me espiritualizar e de tirar fotos com a câmera do celular. Como diz uma amiga minha, tenho trilha sonora e cartão de memória. Esse é o meu momento na vida.
Gato, cachorro, passarinho, peixe e até tartaruga conviveram comigo na infância! Pouco tempo atrás me deu uma vontade de ter um “dog”. Uma vontade apenas, eu repito, sentimento esse compartilhado com alguns amigos. Logo vieram incentivos, logo vieram comentários desmotivadores. Como tudo na vida.
Certas vezes – no plural mesmo – uma amiga disse que eu não podia ter cão porque não parava um minuto em casa! Ocupava os três turnos do meu dia com atividades profissionais e pessoais, o que me impedia de dar atenção ao bichano. Insistia em falar – e muito – da minha rotina nada monótona.
De fato sou ocupado. Todas as manhãs acordo cedo e vou para academia. Trabalho o dia todo. À noite, sempre tenho uma função, seja do meu trabalho ou social. Nos finais de semana, bom, nem se fala, agenda lotada direto! Escolhi aproveitar o máximo os espaços da minha vida com “coisas” e pessoas que me fazem bem. Eu sei, também, que a convivência com os animais aumenta a nossa estima e nos faz mais feliz.
No entanto, neste momento da vida eu me escolhi. Decidi investir em mim. É cuidando da minha saúde física, mental, intelectual e financeira que vou me tornando uma pessoa melhor, mais preparada para o futuro. Além, é claro, de me relacionar com as pessoas! Digo isso porque muitas pessoas acabam se apegando demasiadamente aos animais de estimação, como fuga de relacionamentos de verdade. Pronto falei! Mas é pura verdade escondida no subconsciente. Mas, daí, cadum-cadum.
Adoro conviver com animais, principalmente cães. Entendo, porém, que ainda preciso me aperfeiçoar como pessoa, como homem. Deixá-lo sozinho – o cão – enquanto vivo um momento que é meu, somente meu, seria egoísmo da minha parte. Quem sabe mais para frente, quando me sentir mais completo, um animalzinho venha a me acrescentar algo na minha vida, no momento certo! Até porque, cada pessoa tem momentos na vida…
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