Quando eu era criança, adorava essa época do ano. Sentia chegar ao meu coração a esperança de novos tempos. Sem falar do cheiro das gramas cortadas e do calor delicioso que se espalhavam pelo ar.
Na infância, o Natal significava presentes – e muito presentes – e uma linda ceia em família. Já o Reveillon era sinônimo de praia, onde ficava por quase três meses desfrutando de mar, sol, brincadeiras e ócio. Eita tempo bom!
Na adolescência, a noite do dia 25 de dezembro passou a ter um sentido mais cristão. Entendi que a data servia para rever conceitos e renascer como pessoa – tentar corrigir os defeitos e ampliar as qualidades. Já a festa da virada, bom essa aí, me enchia de esperança, afinal, o ano novo traria uma pá de novidades, como uma nova série no colégio, novos amigos, me aproximaria cada vez mais da faculdade, dos 18 anos, da tão sonhada carteira de motorista, do primeiro estágio, da minha carreira, enfim, do começo da VIDA madura.
Hoje, dia 13 de dezembro de 2013 ainda não montei meu pinheiro de Natal. E, pasmem, não tenho a menor ideia de onde darei as boas-vindas para 2014. E também não sinto chegar a esperança de novos tempo, nem percebo o calor delicioso e o cheiro de grama cortada. E também não estou deprimido.
Aliás, nessa época, muita gente fica deprimida, sejam pelos desejos não alcançados ou por perdas adquiridas ao longo do tempo. Perdas materiais ou sentimentais. Há quem viva uma euforia demasiada com a chegada dos novos 365 dias. Tipo: no ano que vem, como num passe de mágica, tudo vai melhorar.
Poutz! Que saco. Estou neutro a tudo isso. Aos 37 anos, percebo que na passagem das 23h59min do dia 31 de dezembro para às 00h do dia primeiro de janeiro a única coisa que muda é o ponteiro do relógio. Desculpem, mas é isso mesmo!
No dia seguinte ao Reveillon, tudo continua exatamente igual: o meu carro, a minha casa, o meu guarda-roupa, o meu trabalho. E o pior: as minhas contas são as mesmas, aliás, até aumentam, com o IPVA, IPTU e por aí vai.
Não quero jogar um balde de água fria nos otimistas que depositam todas as fichas no novo ano e nem deprimir ainda mais quem está na fossa! Longe disso! O que quero provocar neste post é que não há motivos para ficarmos pra baixo depois do balanço do ano – se é que fizeram – e que não devemos acreditar que todos os nossos problemas irão sumir no primeiro dia do ano que vem. Atenção: dois pés no chão, foco, mundo real!
Já faz alguns bons anos que harmonizo o corpo, a mente e o espírito em busca de uma vida mais plena. Compreendi, nos últimos tempos, que todo o dia pode ser Natal e que toda a meia-noite pode ser brindada como uma nova era, de esperança e mudança!
Pelo menos, penso assim! Pelo menos, tento fazer isso. Talvez pelo fato de entender, depois de muitas expectativas frustradas, que nada muda de um minuto para o outro e, sim, ao longo da nossa existência.
Hoje reflito, diariamente, sobre como renascer. Todos os dias procuro pensar o bem e ter atitudes que me tornem uma pessoa melhor. Sempre ao acordar, abro a janela do quarto como se abrisse um espumante na virada da meia-noite do Reveillon. Todas as manhãs, para mim, não são apenas um começo de dia, mas um recomeço de um novo ciclo de vida. Talvez por isso, ainda não tenha incorporado o espírito das festas de final de ano.
Passei a compreender que nascemos, crescemos, atingimos a maturidade com a estabilidade financeira – conquistando nossas principais necessidades como profissão, casa, carro…-, acumulamos vitórias e derrotas, convivemos com a dor, perdemos entes queridos e envelhecemos. Para algumas pessoas morremos, para outras, iniciamos uma nova etapa em nossa existência. É assim para todo mundo!
Então, comece 2014 hoje e trabalhe para que o espírito natalino – de amor, paz, união, solidariedade – esteja todos os dias em ti. Vou enfeitar minha casa com o tradicional pinheiro e o presépio porque acho um lindo símbolo. Boas festas!
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