Nascemos convivendo com pessoas. É o médico que nos tira de dentro da nossa mãe, é a enfermeira que nos dá o primeiro banho, é a auxiliar de enfermagem que nos bota a roupinha, são os nossos avós e parentes que nos visitam na maternidade e por aí vai. Ao longo da nossa vida, vamos acumulando conhecidos: na escola, no bairro, na natação, na praia, no estágio, no trabalho, no super, na farmácia e etc. Alguns, pouco ou muitos, viram amigos. Outros – a maioria, diga-se de passagem – vão seguir sendo apenas conhecidos.
Fico impressionado como as pessoas não sabem compartilhar os ambientes. Freqüento a mesma academia, todos os dias, faz uns sete anos. Muita gente entrou e saiu, é bem verdade. Mas tem uma galera que segue firme e forte, junto comigo. Pena que nem todos pensam como eu quando o assunto é “convivência”.
Eu conheço um povo. Não estou me gabando, mas me formei em comunicação, logo, “comunicar” faz parte da minha vida. Se já estudei contigo, ao te reencontrar, vou te dar no mínimo “oi”. Se já fui teu colega de trabalho, posso perguntar “como estás”. Acho, no mínimo, digno. Fui educado a ser gentil e cumprimentar quem conheço. Mas tem gente que parece ter medo, sei lá, de gente.
Tenho colegas de academia que cruzam comigo há pelo menos três meses, diariamente, e não dão um bom dia sequer pra mim. Sim, eu já tentei ser gentil. Nas minhas investidas, os “fofos” em questão desviaram o olhar, inclusive para a parede. Os “simpáticos” não queriam aplicar a cor daquela parede da sala de musculação na casa deles. Queriam mostrar a superioridade alheia. Afinal, se acham os melhores, os mais sarados, os mais gostosos. Eles acreditam tanto nessa imagem que eu quase perguntei para um deles esses dias:
- Vem cá? Qual novela tu faz mesmo?
Sim, só podem ser atores ou atrizes muito famosos da Globo para não cumprimentar os simples mortais. Desfilam pela academia como legítimas “Carminhas” e “Jorginhos”. Se acham o máximo. Bobagem. Mal sabem eles que são apenas pessoas sem educação mesmo.
Não me venham com timidez, porque dar “oi” não arranca pedaço, pelo menos depois de meses vendo todos os dias. O triste é que perdem com isso. A antipatia não os permite conviver em harmonia com os demais colegas. Ficam como moscas tontas em cima do churrasco quando querem usar um halter ou um aparelho que está ocupado. O nervosismo visível é muito engraçado.
Não peço para ser amigos deles. Não tenho motivo para ignorá-los também. Por isso, tiro onda dessa situação. Eu poderia revezar os exercícios na boa, mas me faço de louco. Prefiro me fazer de gostoso, também, a ser gentil e oferecer o peso ou o aparelho. Por um simples motivo: da novela da minha vida, pelo menos da minha, o protagonista sou eu.
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