Desde o final da década de 90 frequento a academia. Comecei querendo o que todo adolescente busca no supino: ficar fortinho para arrasar na praia. De lá pra cá já se passaram alguns anos e continuo firme na malhação. Todos os dias, do inverno ao verão, faça sol ou chuva, estou às 7h30min treinando. Hoje, é bem verdade, corro atrás de qualidade de vida e saúde.
A rotina de puxar ferro me forçou a ter novos hábitos. Dormir cedo e bem, ter uma boa alimentação – cortando gorduras e frituras-, beber muita água – e dar tchau para refrigerantes-, e diminuir bebidas alcoólicas. Sacrifícios que só fazem bem para mim. Sim! Sacrifícios porque é bom comer uma batatinha frita, tomar uma espumante bem gelada, fazer uma balada em plena terça-feira esquecendo que no outro dia tem trabalho.
Toda essa ladainha é para dizer que esses dias eu estava no meu exercício matinal diário. Fazia dois aparelhos, simultaneamente, para perna: extensor e flexor. Na academia existem dois aparelhos de extensor (para quem não entende muito é uma cadeira onde a pessoa movimenta a coxa como se fosse chutar a bola)! Um estava vazio e o outro eu ocupava. Uma menina – meio perdida – olha o aparelho vazio, onde eu fazia e que tinha minha toalha, e senta. Termino o flexor, vou rumo ao extensor e digo para ela:
- Oi. Estou fazendo aí, mas falta mais um. Podemos revezar ou tem àquele outro aparelho sem ninguém.
Ela me responde:
- Prefiro esse, àquele outro é mais pesado!
Tchoinnn!! Como assim, Bial?! Ela queria levantar “churros”? Confesso que foi uma das coisas mais estranhas que ouvi numa academia. Vamos combinar. Quem se dispõe a malhar tem que saber que vai fazer força, obrigatoriamente. E o mínimo de gasto energético já é o suficiente para o cansaço. Difícil é acreditar que as pessoas acham que só respirar o ar da academia já vão ficar saradas. Tipo, meio que por osmose!
Fiquei matutando sobre a atitude daquela garota. Reflete muito o que a maioria dos jovens de hoje espera da vida: tudo dela sem muita dedicação. Isso mesmo! Querem ficar lindos de corpo sem abrir mão de nada – cervejinha, banquetes engordantes e noitadas- e não fazerem força. Querem passar de ano na escola sem estudar. Querem sair da faculdade já com cargo de gerentes e ganhando muito bem – começar por baixo pra quê? Querem emprego e não trabalho. Querem tudo de mão beijada, sem sacrifício. Vieram para esse planeta passear e não fazer a diferença. Essa é a impressão que tenho dessa nova geração que está vindo por aí.
Doce engano! Mal sabem eles que o mundo real não é tão moleza assim e que a conta vem logo ali, mais tarde. Bom, mas não consigo mostrar isso para todos os “passeadores” do mundo. Cresci ouvindo dos meus pais que nada vem de graça nessa vida. Temos que ter foco, esforço e boa vontade para crescer. Sem dedicação não voamos alto, viu? Como disse o instrutor da academia se referindo à malhação – e eu amplio para as demais questões da vida:
- Se fosse fácil, todo mundo faria.
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