Era uma sexta-feira como hoje. Eu assistia ao Bom Dia Brasil, da Rede Globo, telejornal que, aliás, gosto muito. Uma reportagem ao vivo sobre desmoronamentos de prédios no Rio de Janeiro com mortos e feridos encerrava àquela edição do matutino. Triste notícia para o dia preferido das pessoas, que é sinônimo de diversão e que estava apenas no início. No encerramento da matéria, o apresentador Chico Pinheiro, olha para a colega Renata Vasconcellos, e termina o programa com a seguinte frase:
- Graças a Deus, é sexta-feira, é vida que segue!
Fiquei alguns segundos refletindo sobre àquela despedida, tão inusitada depois de uma tragédia que havia abalado o Brasil. Eu não sabia ao certo se estava chocado com o incidente ou com o tchau do Chico. Mas matutando um pouco, a ficha caiu! Me dei conta que o âncora fez do limão uma limonada ou, pelo menos, mostrou que é assim que devemos encarar a vida. Tanto que a frase virou marca registrada dele, sendo copiada país afora.
Todos os dias ficamos sabendo através da mídia de acidentes de trânsito com vítimas fatais, de assassinatos banais e brutais, de assaltos, de violência contra crianças, mulheres, gays e idosos, de problemas no sistema de saúde, de guerras pelo mundo, de corrupção, de injustiças e todo o tipo de notícia ruim. Affe! É muita carga pesada diariamente que, na maioria das vezes, nem nos damos conta e que vai direto pro nosso inconsciente.
“Graças a Deus, é sexta-feira, é vida que segue! “ é uma maneira de dizer que, sim, estamos cientes de tudo o que acontece ao nosso redor. Sim, sabemos a gravidade dos assuntos. Sim, nos solidarizamos com quem está sofrendo. Mas que não, não iremos absorver como esponjas a informação ruim recebida. Não, não iremos abraçar a infelicidade do próximo. Desculpe, mas não iremos mesmo. E hoje, sexta-feira, temos o direito de encontrar com amigos, de dar risadas, de sair para dançar e de ser feliz!
Não é egoísmo. É uma maneira de sobrevivência, pelo menos acredito nisso. Afinal de contas, todo mundo tem as suas próprias dores, suas próprias feridas, seus próprios dramas. Acolher o sofrimento alheio é a mesma coisa que carregar o fardo que não nos pertence. Na boa! Precisamos sorrir o mais tempo possível e procurar chorar o menos possível. Mesmo que ir às lágrimas alivia a alma!
Sexta-feira. Fim de uma semana para muitos. Para esses muitos, o começo de dias de descanso, de lazer, de diversão, de estar entre amigos e familiares. Mesmo que se trabalhe no sábado ou no domingo, ou nos dois, a chegada do quinto e último dia útil encerra um curto ciclo em nossas vidas. E hoje, graças a Deus, é sexta-feira, é vida que segue! Semana que vem, começa tudo de novo…
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