Era uma tarde comum de um dia de semana qualquer. Depois do almoço, como de costume, volto ao trabalho. Ao embicar o carro na garagem do prédio onde fica meu escritório me deparo com um táxis estacionado, com o motor desligado, trancando o acesso de entrada e saída de veículos. Imediatamente, buzino, com a esperança de que o motorista de praça libere o local.
Enquanto isso, uma pessoa, que passava na rua embarca, sem pressa alguma, no “vermelhinho”. Calmamente, o motorista entra no carro e, do nada, sai, de novo, e vem em minha direção. Não preciso dizer que eu já causava transtorno no trânsito, já que meu carro estava “meio” na calçada e “meio” na avenida. Com o peito estufado, o senhor, de seus 50 anos, me diz:
- Eu não tenho culpa de ter estacionado ali, o passageiro queria descarregar bagagens.
Com uma cara de “bege”, não me dei o trabalho de responder aquele absurdo. Olhei para ele com um “ar” de “vamos-lá-que-estou-com-pressa”. Aliás, confesso que me surpreendi com a minha atitude. Não xinguei o condutor e nem comprei briga. Apenas o deixei falando sozinho. Me poupei de um bate-boca desnecessário.
Primeiro, infelizmente, nossos motoristas profissionais que circulam por aí não são dos mais educados. Segundo, porque é notório e sabido que é proibido estacionar em garagem (ele, mais do que ninguém, deveria saber bem disso). Terceiro, quer enganar quem, cara pálida, se quem dirige o veículo é, naturalmente, o responsável por ele?
Enfim, esse fato é prova real de que as pessoas adoram fugir das responsabilidades delas. É mais fácil colocar nos outros o que deveria ser respondido por elas. Talvez seja uma forma de se enganar ou, o que é pior, tentar enganar os outros. O que elas não se dão conta é que perdem a oportunidade de crescerem como pessoas e se tornarem cidadãos melhores. É tão bacana e nobre assumir os atos, sejam eles certos ou errados.
No fundo, ele sabia que estava errado ao vir dar explicações para mim. Agora, penso eu, se o passageiro diz para ele atirar o táxis da ponte do Guaíba ele fará? Por favor, né? Na boa, meu senhor, toda essa “confusão” não teria acontecido se o senhor respeitasse a lei e estacionasse em local permitido. Apenas isso! Faça o seu direito!
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