segunda-feira, 15 de maio de 2017

a luta da dani

É necessário conversar. Precisamos criar o hábito de falar sobre tudo, com todos. Pelo menos com quem está disposto a nos ouvir. Foi com esse pensamento que a jornalista Daniela Moraes, de 43 anos, decidiu criar um blog para relatar um momento inesperado da vida dela: um câncer de mama, descoberto em dezembro de 2016 durante exames de rotina.

Tem uma frase comum que diz que tu não sabe a força que tem até que tua única alternativa é ser forte. Eu tinha duas opções: me entregar para o câncer, me deprimindo e vitimizando, ou encarar a doença, que existe tratamento e ser positiva diante da situação”, relembra Daniela. Como sempre fez na profissão, a gaúcha de Novo Hamburgo foi atrás de informações para enfrentar essa fase.  “A apresentadora Sabrina Parlatore - diagnosticada em 2015 com câncer - foi uma das referências e tirei as primeiras dúvidas com ela. E vi que muitas outras mulheres passam pelo mesmo e usam as redes sociais para falar sobre isso. Resolvi fazer o mesmo porque acredito que quanto mais a gente falar do assunto, mais gente vai conseguir encarar o câncer mais tranquilamente”, diz a criadora de A Luta da Dani.

Em janeiro deste ano, Daniela fiz uma cirurgia para a retirada do tumor. O câncer não enraizou, não atingiu a axila, o que seria risco alto de metástase. Mesmo assim, faz tratamento. Já realizou quatro ciclos de quimioterapia e ainda neste mês começará a fazer 30 sessões de radioterapia. Depois, serão pelo menos cinco anos de tratamento hormonal (comprimidos). “O blog me trouxe a oportunidade de falar de câncer de mama, do meu tratamento, e, ao mesmo tempo, receber o retorno de quem passa por isso também. Essa identificação com quem está doente alivia todas as dores. Tu vê que é possível vencer, te dá ânimo”, argumenta.

Daniela Moraes. fotos de Neca Carrasco.
A experiência em compartilhar a sua história não tem ajudado apenas quem enfrenta a doença. É gratificante e revelador para ela mesma, que até pouco tempo não sabia muito como lidar com um paciente de câncer. “Se via alguém careca pelas quimios, ficava com pena da pessoa, sem saber o que falar. Isso por falta de informação. Quem tem câncer não quer pena, quer manter a vida normal. Quer sair, se divertir, ir em um restaurante, andar na rua, namorar, como todo mundo. Câncer não é incapacitante. Pelo contrário, te capacita a ser melhor, a te aceitar, a te conhecer”, afirma.

Ao contrário do passado, Daniela não faz mais planos a longo prazo. “Aprendi a não ter tanta expectativa. Assim também com o blog. Não sei se ele vai seguir ou parar depois do tratamento”, conta. Mas como escrever é uma terapia para ela, um livro sobre o tema não está descartado. “Amo as palavras e é muito prazeroso usá-las para falar da vida, do cotidiano, de sentimentos”, conclui.

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